O ano 2020 foi sonhado, imaginado e esperado por muitas pessoas. Na década de 70, 80 e 90 do século passado, comentava-se que no ano de 2020 várias coisas incríveis aconteceriam: tratamentos eficazes contra o câncer e a AIDS surgiriam, carros voadores seriam criados, viagens espaciais intergalácticas aconteceriam, o analfabetismo e a fome seriam erradicados do mundo, haveria saneamento básico em todas as residências, entre outras experiências que seriam incríveis, mesmo na imaginação. Chegando ao ano 2020 somos surpreendidos pela realidade, nua e crua, que é bem diferente do que imaginávamos.
A ciência avançou muito nos últimos anos. Nunca avançamos tanto em termos de pesquisa aplicada e inovação nas nossas academias e centros de desenvolvimento de pesquisas. Fizemos todo um movimento de saída da nossa zona de conforto em busca de novas alternativas, de novas produções e novos conhecimentos. Isso, por si só, é muito louvável. Muitos cérebros, permanecem ativos em vários lugares do mundo, pensando soluções para situações e problemas que estão batendo na nossa porta diuturnamente, além de questões que ainda não identificamos, e que um dia poderão tornar-se um problema se não corrigidas e ajustadas a tempo.
Na imaginação das pessoas de décadas atrás, talvez jamais tenha passado que o tão sonhado e imaginado ano de 2020 viria com tantas surpresas. Os produtores rurais de boa parte do Rio Grande do Sul, iniciaram o ano com uma das maiores estiagens da história. Em várias cidades do Estado houve racionamento de água. Passo Fundo esteve muito próxima disso. Fomos salvos pela transposição da água da Pedreira da Brigada Militar, além de várias outras ações da CORSAN em nossa cidade, que ajudaram a mitigar os efeitos da estiagem prolongada. Concomitantemente, notícias começaram a surgir de que uma cidade da China (Wuhan) havia sido colocada em quarentena devido ao surgimento de um tal de “Corona Vírus”. Havia possibilidade do vírus se espalhar, mas inicialmente essas possibilidades eram muito remotas. Tanto isso é verdade, que por muito tempo, nossos aeroportos continuavam recebendo passageiros de voos internacionais sem qualquer restrição, teste ou mesmo verificação de temperatura. Hoje, não entramos no Supermercado sem que nossa temperatura seja verificada. Em seguida, uma nuvem de gafanhotos vinda do Paraguai/Argentina, colocou o Estado do Rio Grande do Sul em decreto de emergência. Vários aviões ficaram de prontidão para o combate às pragas, que, dependendo da direção dos ventos e das temperaturas poderiam invadir o nosso Estado. Isso não aconteceu, mas estivemos muito próximos disso.
Todos esses acontecimentos divergem daquilo que imaginamos e esperamos para o ano 2020. Mas por outro lado, está sendo um ano repleto de aprendizados e reinvenções. Foi necessário “voltarmos às cavernas” e nos reinventarmos. Muitas vidas foram e estão sendo perdidas. A dor da perda nos consome e o processo de luto é natural. A comoção toma conta e somos inundados de um sentimento de impotência coletiva.
O ano de 2020 vai se encaminhando para o seu final. Ele não foi como imaginávamos. Muitas perdas aconteceram e vamos precisar de muita resiliência para continuarmos nossas vidas. Todas as pessoas que partiram são importantes e jamais serão esquecidas. Os efeitos da pandemia ficarão para sempre em nossas memórias. Ao menos ficamos na expectativa que 2020 traga, antes de fechar completamente suas cortinas, a boa notícia da descoberta de uma vacina contra a COVID-19. Outros sonhos e expectativas talvez tenhamos que adiar. O que não podemos deixar de fazer é lutar por um mundo melhor para todos nós, com mais espaço para o bem comum e o amor entre as pessoas.
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