A vida humana é repleta de escolhas. Todos os dias tomamos decisões, desde as mais simples às mais complexas. A roupa que decidimos colocar até a escola que matricularemos nossos filhos, o cardápio do almoço ao destino das férias, todos os dias tomamos decisões que impactam ou impactarão nossas vidas de alguma forma. Algumas dessas decisões, por vezes, são destrutivas, inclusive inconscientes, e apresentam elevado grau de destruição e/ou punição. Quando decidimos dessa forma, acionamos o ciclo da autossabotagem.
Muito tenho refletido sobre escolhas. Tenho clareza de que a não escolha já é uma escolha. Muitas vezes não temos total clareza dos efeitos e resultados de nossas escolhas, por outras, somos traídos pela nossa intencionalidade e algumas vezes cometemos equívocos. Expressões como: “Eu tinha as melhores intenções, mas infelizmente deu errado”, são extremamente presentes na sociedade atual. Observamos pessoas cometendo graves crimes, pensando estarem fazendo o bem para si próprios. Mais uma vez o ciclo de autossabotagem é acionado e o processo de punição ou autopunição se apresenta.
Apesar de bastante comum, as pessoas que se autossabotam, muitas vezes não se dão conta desse processo. Outras, têm uma visão limitada sobre a realidade, efeitos e consequências de suas ações. A autossabotagem está presente nas mais diversas dimensões de nossas vidas: profissional, relacional, pessoal, familiar. Algumas pessoas inclusive sabotam sua qualidade de vida, infligindo fardos insuportáveis, seja de trabalho, de falta de tempo para si e seus filhos, vivendo uma vida de “amanhã a gente vê como fica”. As crianças pagam preços altos pelas escolhas de seus pais. Quando nos damos conta, as crianças não existem mais, e é impossível recuperar o tempo perdido.
O poder e o status continuam cegando o ser humano. Muitas pessoas perderam a noção do que precisam para serem felizes. Especialmente esqueceram que são finitas e mortais. Esqueceram que legados são construídos levando em consideração não apenas o que os bens materiais podem comprar, mas as experiências de vida que vão levar e deixar.
O ciclo da autossabotagem é cruel e nefasto. Ele oferece ilusão e uma forma distorcida da realidade. Apesar de inconsciente em grande medida, ao torná-lo consciente, especialmente com o auxílio da psicoterapia, podemos alterar o curso de nossas vidas, seja não repetindo padrões ou mesmo não instaurando novos processos autossabotagem.
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