O dia de finados nos reporta para uma
condição eminentemente humana: a finitude. Na perspectiva da fé e da religiosidade,
as pessoas ancoram suas crenças e buscam encontrar esperanças tendo o plano
terrestre apenas como uma passagem, uma transição para algo melhor. Mesmo
assim, muitos deixam grandes obras e construções, buscando imortalizar seus
feitos e conquistas, tornando suas obras/nomes conhecidos às demais pessoas.
A morte ainda é uma incógnita para os seres humanos. Como pode a vida estar presente e em questão de minutos ou mesmo segundos se esvair? Os relatos de quem esteve muito próximo da morte são controversos, mas muitos têm em comum a relação com túneis, luzes e especialmente com algo transcendental.
Pensar sobre a morte nos deixa intrigados. Em grande medida, o ser humano não gosta de pensar sobre a morte. Ela ainda é em grande medida misteriosa, enigmática, capaz de colocar nossas certezas em dúvida. Ela é implacável e afeta a todos. Meu saudoso pai sempre dizia: “Ninguém ficará para semente”. Era a forma que ele conseguia compreender a morte. Nos momentos finais proferiu alguns comentários que na época não faziam muito sentido, ou não queríamos que fizesse, mas que hoje compreendemos perfeitamente: “Vejo como se estivesse fazendo uma travessia sobre as águas, e tivesse que ir deslocando tábuas para caminhar, agora percebo que minhas tábuas estão encharcadas e afundando (acabando)”.
O encontro com a realidade nua e crua da finitude ainda é postergado. Denominamos distanásia à utilização de recursos artificiais para o prolongamento da vida, por vezes apenas do sofrimento. A Bioética discute muito até que ponto temos o direito de prolongar a vida e o sofrimento do outro? Por outro lado, quando a morte é trágica temos ainda maior dificuldade de aceitar.
A morte nos interpela de forma muito avassaladora. Sempre digo que estamos em constante processo de evolução e aprendizado. Inclusive no momento derradeiro, ainda estaremos aprendendo, se tivermos a oportunidade, de descobrir o quanto estávamos preparados, ou não, para a morte. Enquanto esse dia não chegar, façamos nossas homenagens aos nossos entes queridos que partiram antes de nós.
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