Rabiscos Semanais: "Economy of Francesco"

 17/11/2020 - 08:30hrs
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Quando, em 1º de maio de 2019, Francisco assinava a carta destinada aos jovens economistas, empresários e empresárias do mundo inteiro, para lhes convidar à participar, em Assis, na Itália, do encontro marcado para os dias 26, 27 e 28 de março de 2020, não compunha em seu imaginário a realidade contemporânea da pandemia. A inspiração do Sumo Pontífice, por nobre razão, precisou ser reorganizada na agenda fraterna, econômica e social mundial.

Como sugere na carta, o título do evento - “Economy of Francesco” - refere-se a São Francisco de Assis e ao seu testemunho, à luz do Evangelho, de total coerência, inclusive nos planos econômico e social. “Ele oferece-nos um ideal e, de certa maneira, um programa. Para mim, que escolhi o seu nome, é contínua fonte de inspiração”, diz o Papa.

É pertinente questionar: Por que pensar a “Economia de Francisco”, hoje? Na carta aos jovens, Papa Francisco exorta ser “preciso corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito pelo meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, e equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações vindouras”. Propõe um encontro, via participação e protagonismo juvenil, em prol de uma economia coerente, compreende?

E quem pode envolver-se neste processo? Segundo consta no site “Vatican News” mais de 3 mil jovens de 120 países dos cinco continentes realizaram inscrições no desejo de viver a experiência: "Economia de Francisco". Primeiramente, em 2020, o evento desejado pelo Santo Padre, será online. Agendado para os dias 19, 20 e 21 de novembro, “refere-se à Igreja, à sociedade, ao coração de cada um de nós. Diz respeito cada vez mais também ao meio ambiente, que tem urgente necessidade de uma economia saudável e de um desenvolvimento sustentável que cure as suas feridas e lhe garanta um futuro digno”.

A ação pastoral, as reflexões e exortações apostólicas tornam compreensível, a saber, a proposição do Bispo de Roma aos jovens do mundo: “pensei em convidar de modo especial a vós jovens porque, com o vosso desejo de um porvir bom e jubiloso, já sois a profecia de uma economia atenta à pessoa e ao meio ambiente”. Na exortação apostólica Laudato Si, por exemplo, Francisco questiona e motiva: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? [...]. Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder” (LS, n. 160).

José Antonio Pagola, teólogo, na obra “Recuperar o projeto de Jesus” diz que “os jovens têm direito de saber se os discípulos de Jesus pensam em seu futuro e se têm algo a dizer sobre o mundo no qual eles terão de viver” (2019, p. 96). “Economy of Francesco” é convite à alteridade neste construto socioeconômico e político ambiental integral. “Sempre é possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro” (LS, n. 208), sabe?

Não há dúvidas, ademais, sobre a salutar importância da mais recente exortação apostólica “Fratelli Tutti” que recorda: “a tarefa educativa, o desenvolvimento de hábitos solidários, a capacidade de pensar a vida humana de forma mais integral, a profundidade espiritual são realidades necessárias para dar qualidade às relações humanas, de tal modo que seja a própria sociedade a reagir diante das próprias injustiças, das aberrações, dos abusos dos poderes econômicos, tecnológicos, políticos e midiáticos” (FrT, n. 167).

Francisco, ao envolver a criatividade e ousadia juvenil nos processos em construto, cria um caminho em constante e dinâmico movimento, cotidiano à vida, capaz de traduzir suas encíclicas. Compreende, ajuda refletir o quão “é preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana” (LS, n. 52) e alerta: “enquanto o nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima, e enquanto houver uma só pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal”.

Portanto, neste contexto, é extremamente importante e necessário corrigir modelos e projetos de crescimento que desconsideram e desrespeitam a dignidade inviolável de cada pessoa, ser humano e o planeta, nossa Casa Comum. Por isso, jovens, empresários(as), economistas e ativistas mundiais sentar-se-ão juntos(as) à mesa da comensalidade integral para, conscientes, refletir e assinar um “pacto intergeracional” com vistas para uma nova forma econômica e político social, para dar uma “alma à economia do amanhã” à luz da justiça e da sustentabilidade.  

O encontro presencial, em Assis, após o momento online, está proposto para 2021 onde, diz o Papa: “São Francisco se despojou de toda a mundanização e escolheu Deus como a estrela polar de sua existência”. Parafraseando o Santo Padre, concluo: “confio sobretudo em vós, jovens, que sois capazes de sonhar e estais prontos para construir, com a ajuda de Deus, um mundo mais justo e melhor”. Mais! “Continuem superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas que se desenvolvem em diversas partes do mundo” (ChV, n. 174).

Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 17 11 2020.

 "ECONOMY OF FRANCESCO"

 

Quando, em 1º de maio de 2019, Francisco assinava a carta destinada aos jovens economistas, empresários e empresárias do mundo inteiro, para lhes convidar à participar, em Assis, na Itália, do encontro marcado para os dias 26, 27 e 28 de março de 2020, não compunha em seu imaginário a realidade contemporânea da pandemia. A inspiração do Sumo Pontífice, por nobre razão, precisou ser reorganizada na agenda fraterna, econômica e social mundial.

Como sugere na carta, o título do evento - “Economy of Francesco” - refere-se a São Francisco de Assis e ao seu testemunho, à luz do Evangelho, de total coerência, inclusive nos planos econômico e social. “Ele oferece-nos um ideal e, de certa maneira, um programa. Para mim, que escolhi o seu nome, é contínua fonte de inspiração”, diz o Papa.

É pertinente questionar: Por que pensar a “Economia de Francisco”, hoje? Na carta aos jovens, Papa Francisco exorta ser “preciso corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito pelo meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, e equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações vindouras”. Propõe um encontro, via participação e protagonismo juvenil, em prol de uma economia coerente, compreende?

E quem pode envolver-se neste processo? Segundo consta no site “Vatican News” mais de 3 mil jovens de 120 países dos cinco continentes realizaram inscrições no desejo de viver a experiência: "Economia de Francisco". Primeiramente, em 2020, o evento desejado pelo Santo Padre, será online. Agendado para os dias 19, 20 e 21 de novembro, “refere-se à Igreja, à sociedade, ao coração de cada um de nós. Diz respeito cada vez mais também ao meio ambiente, que tem urgente necessidade de uma economia saudável e de um desenvolvimento sustentável que cure as suas feridas e lhe garanta um futuro digno”.

A ação pastoral, as reflexões e exortações apostólicas tornam compreensível, a saber, a proposição do Bispo de Roma aos jovens do mundo: “pensei em convidar de modo especial a vós jovens porque, com o vosso desejo de um porvir bom e jubiloso, já sois a profecia de uma economia atenta à pessoa e ao meio ambiente”. Na exortação apostólica Laudato Si, por exemplo, Francisco questiona e motiva: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? [...]. Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder” (LS, n. 160).

José Antonio Pagola, teólogo, na obra “Recuperar o projeto de Jesus” diz que “os jovens têm direito de saber se os discípulos de Jesus pensam em seu futuro e se têm algo a dizer sobre o mundo no qual eles terão de viver” (2019, p. 96). “Economy of Francesco” é convite à alteridade neste construto socioeconômico e político ambiental integral. “Sempre é possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro” (LS, n. 208), sabe?

Não há dúvidas, ademais, sobre a salutar importância da mais recente exortação apostólica “Fratelli Tutti” que recorda: “a tarefa educativa, o desenvolvimento de hábitos solidários, a capacidade de pensar a vida humana de forma mais integral, a profundidade espiritual são realidades necessárias para dar qualidade às relações humanas, de tal modo que seja a própria sociedade a reagir diante das próprias injustiças, das aberrações, dos abusos dos poderes econômicos, tecnológicos, políticos e midiáticos” (FrT, n. 167).

Francisco, ao envolver a criatividade e ousadia juvenil nos processos em construto, cria um caminho em constante e dinâmico movimento, cotidiano à vida, capaz de traduzir suas encíclicas. Compreende, ajuda refletir o quão “é preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana” (LS, n. 52) e alerta: “enquanto o nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima, e enquanto houver uma só pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal”.

Portanto, neste contexto, é extremamente importante e necessário corrigir modelos e projetos de crescimento que desconsideram e desrespeitam a dignidade inviolável de cada pessoa, ser humano e o planeta, nossa Casa Comum. Por isso, jovens, empresários(as), economistas e ativistas mundiais sentar-se-ão juntos(as) à mesa da comensalidade integral para, conscientes, refletir e assinar um “pacto intergeracional” com vistas para uma nova forma econômica e político social, para dar uma “alma à economia do amanhã” à luz da justiça e da sustentabilidade.  

O encontro presencial, em Assis, após o momento online, está proposto para 2021 onde, diz Amedeo Lomonaco: “São Francisco se despojou de toda a mundanização e escolheu Deus como a estrela polar de sua existência”. Parafraseando o Santo Padre, concluo: “confio sobretudo em vós, jovens, que sois capazes de sonhar e estais prontos para construir, com a ajuda de Deus, um mundo mais justo e melhor”. Mais! “Continuem superando a apatia e oferecendo uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas que se desenvolvem em diversas partes do mundo” (ChV, n. 174).

Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 17 11 2020.

 


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