Vem Senhor, vem nos
salvar, com o teu povo vem caminhar!
No domingo passado iniciamos a caminhada do Advento. Este tempo litúrgico orienta para uma espiritualidade especial, marcada pela vigilância cristã e esperança na fé, voltadas à espera do Senhor. É o início do novo ano litúrgico, o ano B, que refletirá nas celebrações dominicais o Evangelho de Marcos. O Advento motiva os cristãos à profundidade da experiência de fé vigilante e esperançosa, que por sua vez dará um sentido cristão ao Natal. Isto é importante, pois vivemos o risco de termos um Natal sem Jesus, mais assentado no consumismo do que no caminho da conversão. Neste ano em que nos sentimos fragilizados e inseguros diante da pandemia faz-se necessário renovarmos a esperança em Deus que se dispõe a estar conosco. Todavia, precisamos acolhê-lo no menino que vem.
Os quatro domingos do Advento permitirão aos cristãos e pessoas de boa vontade, iluminados pela Palavra de Deus, vivenciar a mística de quem espera o Salvador. No primeiro domingo é refletido o tema da vigilância segundo o evangelho de Marcos (Mc 13, 33-37). Jesus convida os discípulos à vigilância no compromisso assumido com o Reino por Ele anunciado. Para os cristãos a vigilância não significa a atitude de medo ou insegurança, mas a consciência da responsabilidade dos compromissos próprios do cristão. No segundo domingo do Advento as comunidades rezam a partir de João Batista, o profeta que veio do deserto preparar o caminho do Senhor (cf. Mc 1, 1-8). As palavras e o testemunho de vida de João Batista eram um convite expresso à mudança de vida a partir da conversão ou mudança de mentalidade. Compreendamos o Advento como um tempo de conversão caracterizado por preparar os corações para receber Jesus.
O terceiro domingo, conhecido como o domingo da alegria pela vinda do Senhor, apresenta-nos novamente a figura de João Batista (cf. Jo 1, 6-8. 19-28), agora sendo interrogado por sacerdotes e levitas enviados para saber quem ele era. João se apresentou ao grupo como aquele que veio dar o testemunho da luz e motivar as pessoas para “aplainarem o caminho do Senhor”. No quarto domingo vamos refletir sobre o testemunho mariano. A experiência de Maria está em sintonia com o testemunho assumido por João Batista. Deus contou como o serviço de João para preparar o caminho do Seu Filho. Contou também com a colaboração de Maria para que o Seu Verbo se encarnasse. Neste domingo acompanhamos, pelo texto de Lucas (Lc 1, 26-28), o diálogo de Maria com o anjo enviado por Deus, quando ela tentou compreender a proposta feita. Seguiu-se o consentimento para que o projeto acontecesse. O sim de Maria foi fundamental para o cumprimento do desejo salvador de Deus.
Nesse tempo do Advento teremos a oportunidade de trilharmos este caminho espiritual nos preparando para o Natal do Senhor. A preparação também pode acontecer em diferentes âmbitos.
No âmbito pessoal, portanto intransferível, a preparação passa pela oração e também pela reflexão pessoal sobre o sentido do advento e Natal na vida de cada pessoa. Estas semanas poderiam ser um tempo de retiro ou recolhimento pessoal acentuando a vigilância e a espera esperançosa. Como contribuição neste caminho espiritual vale a pena fazer um propósito pessoal, sobretudo na linha da caridade, que possa marcar este tempo.
No âmbito familiar contribuamos para que cada casa se caracterize com os símbolos do Natal e a família viva a espera do Senhor. Como afirmou-se, existe o risco cada vez maior de um Natal paganizado, sem o sentido cristão. Dentro das casas, a partir das famílias, é possível recuperar o sentido cristão do Natal. Seria interessante a montagem do presépio em família, como sugere o Papa Francisco. Mas a simbologia natalina terá sentido se as famílias encontrarem um tempo para rezar a espera do Senhor. Felizmente existem muitas propostas para a oração familiar que podem ser consultadas via internet. Mas cada família poderá também criar o seu método de oração de forma que envolva todos os membros. Importante é o espaço orante familiar.
As comunidades também contribuem na preparação do Natal do Senhor rezando o tempo do Advento. A liturgia proposta, aliada a simbologia, favorecem esta preparação. Foi mencionado anteriormente o ritmo dos quatro domingos do Advento. A participação nas liturgias dominicais ajuda, porque a pessoa terá a oportunidade de seguir da lógica litúrgica sugerida para a caminhada do Advento. Além das missas, muitas comunidades oferecem retiros, novenas, tríduos e outras oportunidades. Apesar das restrições por causa da pandemia, se houver chance, vale a pena participar desses momentos. Eles propiciarão o envolvimento profundo na espiritualidade do Advento e do Natal em vista da nossa conversão e da preparação para acolher Jesus.
Os três âmbitos, pessoal, familiar e comunitário permitirão que respondamos à proposta amorosa do Pai. Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único ao mundo e todo que nele crê, tenha a vida eterna (cf. Jo 3,16). O primeiro passo para respondermos à proposta amorosa de Deus será acolhendo o Filho, menino Jesus, em nossos corações. Que cada pessoa, cada família ou comunidade se transformem na manjedoura disposta a receber Jesus porque Ele vem para nos salvar.