Paz, qual paz? Ao iniciar 2021, o Papa Francisco enviou ao mundo uma
mensagem, por ocasião do Dia Mundial da Paz, intitulada: “a cultura do cuidado como percurso de paz!”
Para o Sumo Pontífice a paz imprime-nos o verbo cuidar, pois, “não há paz sem a
cultura do cuidado”. Pensar a cultura e a paz como percurso é, sem dúvidas,
instigar à criatividade, à fraternidade, à igualdade, à humanidade, à liberdade
e à amizade social.
Quanto tempo perdura a paz? No Rio Grande do Sul, entre 1835 e 1845, a paz encontrava-se fragilizada, pois, pelas terras sulinas registrava-se a Revolução Farroupilha, marco histórico deste estado sul-brasileiro. As motivações e consequências deste truculento embate que ceifou inúmeras vidas, registra-se nos campos rio-grandenses, nas bibliotecas e na memória cultural do povo gaúcho, como “aurora precursora” clamando paz!
Em 1997, através do 42º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado em Santo Augusto, Milton Mendes de Souza, radialista, propôs celebrar a memória da Paz de Ponche Verde, que fora assinada, em 1845, findando a revolta farroupilha contra o governo imperial. Dom Pedrito, naquele longínquo 1º de março de 1845, fora palco para a assinatura final da paz, uma vez que a primeira assinatura ocorrera, dois dias antes, em 28 de fevereiro de 1845. Desta forma, após uma década de conflitos, firma-se a Paz de Ponche Verde e cerra-se a guerra ou, pelo menos, quis-se findar.
Passados 176 anos da Paz de Ponche Verde, neste 2021, celebra-se a 24ª Semana da Paz no Rio Grande do Sul, entre os dias 23 de fevereiro e 1º de março, na guarida do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Diversas entidades tradicionalistas (CTG’s; DTG’s...), pelo estado, organizam-se para as festividades que envolvem cavalgadas, palestras, oficinas e apresentações artísticas, culturais, rodas de conversa e chimarrão, live’s, confraternizações, celebrações e missas alusivas à paz.
“Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a) propõe, em seu lema, a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Se o Império Romano servia-se da cruz como instrumento de morte, sob a desculpa da chamada “Pax Romana”; ela, a cruz, transformou-se em símbolo de paz e salvação aos cristãos. A paz verdadeira nasce pelo amor, maior ensinamento compartilhado por Jesus Cristo. O jovem Francisco de Assis, rezava: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz!” Tal paz é pendão de esperança nesta semana rio-grandense, quando lenços brancos e vermelhos são amarrados, abraçados a cruz.
A Semana da Paz, que em 06 de janeiro de 1998, tornou-se a Lei nº 11.077 do MTG, sob coordenação da Secretaria Estadual de Educação e das Secretarias da Cultura Estaduais e Municipais, com participação da Brigada Militar, do Movimento Tradicionalista Gaúcho e com apoio da comunidade cristã, transforma-se gradativamente em percurso cultural de cuidado e paz para o Rio Grande do Sul. Inúmeros adolescentes e jovens, adultos e anciãos, prendas e peões, se envolvem em detrimento desta semana, revelando protagonismo e coragem na solidificação da cultura de paz. Hoje, batalha-se para transportar, juntos e juntas, o estandarte da paz e da unidade, dialogando, na luta contra as injustiças e pela saúde integral da população. Que a paz seja nossa inspiração para vencer o vírus do mal, plantando sementes de amor e fraternidade!
Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 23 02 2021.