Povo de Deus, Igreja viva edificamos!
No domingo passado, dia 07 de março, iniciamos as comemorações pelos 70 anos de criação da diocese de Passo Fundo e 10 anos de elevação à arquidiocese. A perspectiva é, que durante este ano, de forma diferenciada, se assinalem as diferentes dimensões da missão evangelizadora da Igreja presente em Passo Fundo nos seus 70 anos de existência, através das 53 paróquias e mais de 900 comunidades espalhadas na área rural e urbana. A diocese de Passo Fundo foi criada em 10 de março de 1951, sendo Dom Claudio Colling seu primeiro bispo. Foi elevada a arquidiocese no dia 13 de abril de 2011 tendo Dom Pedro Ercílio Simon como primeiro arcebispo.
Segundo o Código de Direito Canônico a diocese é uma porção do Povo de Deus confiada ao pastoreio do Bispo com a cooperação do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo Evangelho e pela Eucaristia, reunida por ele no Espírito Santo, constitua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica (CDC 369). Nestas terras, junto a este povo, desde o dia 10 de março de 1951, procurou-se assumir os compromissos de uma Igreja comprometida com a proposta de Jesus como expressa o refrão de um dos hinos da Romaria em honra a Nossa Senhora Aparecida: “em nossa diocese anunciamos Jesus”.
Na celebração de domingo refletimos os quatro pilares sustentadores da missão em tempos atuais e que estiveram presentes nos 70 anos da diocese de Passo Fundo: pilar da palavra, acentuando a dimensão formativa do povo de Deus a partir da Palavra; pilar do pão, acentuando a dimensão celebrativa, o encontro das comunidades para celebrar a fé; pilar da caridade, acentuando o compromisso de uma Igreja samaritana preocupada em cuidar nos necessitados; pilar da missão, lembrando que a Igreja se fortalece quando sai para anunciar o evangelho e marcar presença nas diferentes situações de vida, sobretudo nas periferias humanas. Quanto ao pilar da caridade, cabe lembrar as obras sociais mantidas pela arquidiocese e que prestam um serviço valioso às pessoas necessitadas: Fundação Lucas Araújo, que mantém o Abrigo de idosos São José e o Lar da Menina; Fundação Leão XIII, que ultimamente tem atendido crianças e adolescentes em turno inverso das aulas regulares; Caritas Arquidiocesana e suas ramificações nas paróquias, voltada à assistência e projetos de geração de renda e autonomia financeira para a população empobrecida com atenção especial às mulheres.
Nesse período da história muitos fatos relevantes aconteceram na sociedade brasileira. Enfrentamos 20 anos de ditatura militar às custas da restrição de direitos e perseguição dos que se opunham ao regime; buscou-se a redemocratização do país iniciada em 1984 com as eleições indiretas para a presidência da república; passamos por graves crises econômicas que alargaram o fosso entre os ricos e os pobres; passamos agora por um período de profundo acirramento social ligado a fundamentalismo e fechamento ao diálogo.
Esse foi o campo de ação dessa Igreja particular e, nestes contextos, foi desafiada a testemunhar o Evangelho, contudo, em um processo eclesial extremamente significativo e promissor. Chamo a atenção para o Concílio Vaticano II (1963-1965), que demarcou um novo horizonte na ação da Igreja no mundo; as cinco conferências episcopais no continente latino-americano (Rio - 1955; Medellín - 1968; Puebla – 1979; Santo Domingo -1992; Aparecida – 2007), que visavam refletir com profundo zelo pastoral a ação evangelizadora em terras latino americanas; a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB (1952), grande articuladora do episcopado brasileiro, segundo o princípio da comunhão e participação, mobilizadora da ação evangelizadora pensada, planejada e dialogante com a diversidade do povo brasileiro.
A Arquidiocese de Passo Fundo foi influenciada por estes momentos que contribuíram na definição do compromisso evangélico na região de Passo fundo, tendo como vetor o desafio de anunciar e testemunhar Jesus nestas terras.
É tempo de olharmos para o passado e agradecer a tantas pessoas que contribuíram nessa missão e sonharam com esta Igreja particular. Também nos situarmos no tempo presente percebendo os desafios hodiernos, que são muitos, sobretudo no que diz respeito ao diálogo com a cultura urbana na perspectiva evangelizadora. Nesse caminho sabemos que Deus tem nos acompanhado porque, enquanto Igreja particular somos peregrinos nesse mundo, rumo ao Reino definitivo, sempre no compromisso de ser testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz (MR 864), para que povo de Deus, presente nesta região, tenha uma mãe, uma mestra e uma guia.
É tempo de celebrar 70 anos de trajetória de fé. É Tempo de renovar o compromisso com a continuidade da obra Jesus, acolhendo a inspiração do Espírito Santo e proteção de Nossa Senhora Aparecida.