Na Grécia antiga, um tirano condenou o jovem Dámon à morte, por ter-se
negado a servi-lo como os outros faziam. Contudo, antes de cumprir a pena, o
jovem pediu licença ao tirano, para ir à sua cidade, do outro lado do país, a
fim de despedir-se da família e resolver alguns assuntos.
Pítias, o seu melhor amigo, ofereceu-se logo para ficar preso em seu lugar, até que Dámon voltasse. O tirano concordou, com a condição de que, se chegasse após o dia e a hora fixados, Pítias iria ser morto no lugar do amigo.
Ao ver-se livre, Dámon partiu a galope até desaparecer no horizonte. Os dias passavam e Pítias, preso numa masmorra, era objeto de gozação dos condenados:
- Estúpido! Bem feito! Pensas que teu amigo vai voltar?
O dia fatídico chegou. Às primeiras horas da manhã, os guardas amarraram Pítias e levaram-no à presença do tirano. Este, depois de zombar mais uma vez, ordenou que se cumprisse a sentença. Quando o carrasco estava por deixar cair o machado sobre o pescoço do jovem, ouviram-se gritos que, de longe, pediam para parar.
Era Dámon que chegava extenuado e sem forças. Infelizmente, aconteceram vários contratempos pelo caminho, que acabaram atrasando sua chegada a ponto de temer pela vida do amigo.
Gastara todo o dinheiro que levara na compra de um cavalo, que galopou tanto até cair morto. Daí fez o resto do caminho correndo a pé. Por fim, alcançou o seu objetivo, chegando no momento da execução. Os dois amigos abraçaram-se e choraram de alegria.
O tirano, impressionado por esse gesto, perdoou a ambos, manifestando inveja por terem encontrado um tesouro tão grande: a amizade.
Dámon e Pítias passaram para a história como exemplo de amizade desinteressada.