Afetividade e inteligência emocional no ensino remoto

Postado por: Nei Alberto Pies

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Não existe criança que não aprende ou não quer aprender; há crianças que não aprenderam a estabelecer laços de afeto com a família, professores, escola e, consequentemente, com o saber.

A educação não é a tecnologia; a tecnologia é apenas mais um meio, um instrumento, pelo qual é possível aprender e educar.

Em tempos de pandemia, quando as possibilidades de interação entre professores e estudantes estão mais restritas, vale lembrar que aprendizagens significativas não acontecem automaticamente com simples acesso às tecnologias. As aprendizagens significativas são viabilizadas a partir de relações qualificadas, comprometidas e envolventes entre os sujeitos da educação: os estudantes e os professores. Aliás, no ensino remoto, ficam mais difíceis e complexas as vivências de afetividade, por isso da necessidade de pensarmos sobre.

Abordar a inteligência emocional como a principal estratégia, associada a um bom conteúdo, pode evitar o abandono das crianças, adolescentes e jovens da escola. Precisamos de um olhar mais atento às necessidades afetivas do ser humano, que em muito se perdeu sem o contato presencial. Como trabalhar de forma mais ampla e eficaz esses aspectos num convívio semipresencial?

Mais do que nunca, escola e família devem estar juntas para minimizar as perdas e prejuízos das crianças e adolescentes, que são os mais frágeis deste processo.


Educação e afetividade

Acreditamos que o amor e o afeto são componentes indispensáveis para aprendizagens significativas. Queremos aprendizados que tenham valor e sentido de vida. É verdade que também aprendemos na dor, no sofrimento e na desgraça, quando são inevitáveis. Mas, na escola e a partir dela, temos de construir um espaço para trocas e aprendizagens, através de relações que geram prazer e o desejo de estar junto (mesmo que distantes, conectados com o coração).

A psicóloga Ana Manoela Detoni afirma que “a aprendizagem de uma criança acontece quando há desejo de aprender. Quando a família não vê o processo de aprendizagem como algo importante e a escola não faz investimento nesse aluno, fica difícil despertar nas crianças o desejo pelo saber, pois se todos desistiram dela porque ela não desistiria”? (Leia mais: https://www.neipies.com/educacao-e-afeto/

Detoni continua:

“Não existe criança que não aprende ou não quer aprender, mas sim crianças que não aprenderam a estabelecer laços de afeto com a família, professores, escola e, consequentemente, com o saber. Por mais precários que eles sejam em casa, a escola pode propiciar uma relação saudável do aluno com a sociedade, na medida em que o trata como um indivíduo e o enxerga como um ser cheio de possibilidades.

A psicóloga Ana Manoela Detoni conclui: “a afetividade é a via de comunicação mais eficaz entre professor aluno, possibilitando o reconhecimento da capacidade intelectual do educando. Se dizemos que a educação hoje está caótica e difícil, temos o dever de pensar nas causas que a levaram a esta situação, fazendo uma reflexão acerca do comportamento dos pais e do corpo docente, para que possamos encontrar as causas e soluções para os problemas na escola hoje”.

A filósofa Rosângela Trajano, em entrevista exclusiva ao nosso site, perguntada sobre a influência do afeto e da inteligência emocional na aprendizagem das crianças e adolescentes, assim se posicionou.

“Um professor só deveria ensinar se amasse verdadeiramente a sua profissão e os seus alunos. Sei que é difícil falar de amor nos tempos atuais, mas é necessário e muito. Quem ensina com amor transmite sabedoria para o resto da vida, deixa marcas na alma da criança. Vivemos épocas de ódio em que as pessoas não se preocupam mais umas com as outras; tememos sair das nossas casas, não acreditamos mais nas pessoas, não temos mais amigos verdadeiros. Passamos a confiar mais nas máquinas e estamos presos à tecnologia. Diante de tudo isso, o amor pede passagem para uma nova era. Um amor que cuide do outro, respeite e tenha proximidade do ser amante. Necessitamos falar mais de amor.

A inteligência emocional carece de efetivação nas salas de aulas, principalmente às crianças que são incompreendidas pelos adultos na maioria das suas emoções. Para citar um exemplo simples, uma criança birrenta nem sempre é assim por falta de educação, mas porque quer chamar a atenção de cuidados.

Já não damos atenção às nossas emoções e deixamos de lado os motivos pelos quais estamos crescendo ansiosos e depressivos. Para evitar que esses males se tornem um problema mais grave salvemos as nossas crianças trabalhando as suas emoções. As crianças também têm medo do escuro, de palhaços, de perderem as pessoas que amam e tantos outros medos; logo, precisam saber lidar com esses medos.

Aos Professores também cabe ensinar a criança a lidar com as suas emoções de forma que não sofra tanto, porque a infância é uma fase da vida onde há uma espécie de sofrimento significativo pela falta de respostas às dúvidas não respondidas e não aceitas pelos adultos.

Toda escola deveria adotar a disciplina de inteligência emocional, pois assim as crianças poderiam sair das suas casas na certeza de que encontrariam amor na escola. Tenho dedicado as minhas pesquisas na área da inteligência emocional há cerca de cinco anos, mas só agora venho escrevendo material didático para crianças e disponibilizado em meu site e redes sociais”, afirma a filósofa.

Autor: Nei Alberto Pies


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