Conta uma lenda que um grupo de pessoas falecidas teve que passar por uma provação para entrar no céu. Cada um recebeu uma cruz, já identificada com o nome, e iniciou a caminhada, rumo ao céu.
A viagem foi tranquila, sem queixas. Após um dia, já cansados, pararam para o descanso. E escoraram as cruzes numa parede e foram repousar.
Um deles, todavia, pensava em seu íntimo, que sua cruz era mais pesada do que a dos outros. Durante a noite, levantou-se e foi provar o peso de todas as cruzes, até encontrar uma bem leve. Colocou-a em lugar estratégico, para apanhá-la, por primeiro, na manhã seguinte.
Retomada a caminhada ao céu, nosso reclamante estranhou que ninguém se queixasse da cruz trocada. A certa altura, ao verificar o nome a quem pertencia a cruz, teve uma surpresa: era a sua própria cruz que estava carregando.
Continuando a caminhada, viu um serrote encostado a uma árvore. Discretamente, sem que alguém o percebesse, tomou o serrote e cortou uma parte da cruz, pois julgava-a maior que as outras.
Quando chegaram perto do céu, havia um estreito precipício que o separava da terra. Lá no fundo, ouvia-se o choro dos condenados. Os peregrinos receberam ordem para estender a cruz e passar por cima dela até o outro lado, onde ficava o paraíso. Infelizmente, a cruz que fora encurtada com o serrote era pequena demais e não servia para ultrapassar o último obstáculo.