Maria e José: o sim ao plano de Deus

Postado por: Ari Antônio dos Reis

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Estamos chegando ao quarto domingo do advento e mais próximos do Natal do Senhor. Ao mesmo tempo que o verde da coroa vai ficando pálido a luz fornecida pelas velas se torna mais intensa. No acendimento da quarta vela completa-se a luminosidade da coroa, assim como se plenifica o tempo de preparação que nos levará ao encontro da luz maior, o menino Jesus que nascerá na noite de Natal, como antevia o profeta Isaías: o povo que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 9,1).

A luz veio ao mundo graças à iniciativa de Deus. Ele quis fazer-se humano no menino, filho de Maria e José. Optou pela trajetória humana para conduzir a humanidade à salvação. Compreende-se a decisão de Deus como mais um sim dado ao ser humano. Deus não abandona a sua obra. Por diferentes caminhos busca o diálogo amoroso em vista do bem dos seus filhos e filhas. Muitas vezes e de modos diversos Deus falou aos nossos pais pelos profetas. Nesta etapa final, ele nos falou por meio de um filho. Deus fez dele o herdeiro de tudo, e por meio dele, também criou o universo (cf. Hb 1,1-2).

A iniciativa divina necessitou um complemento, alguém que pudesse contribuir na obra salvadora. Vai encontrar a colaboração em um casal da aldeia de Nazaré, uma jovem chamada Maria e um carpinteiro chamado José. O sim divino dado à humanidade encontra eco no sim humano que brotou dos lábios de Maria (Lc 1, 38) e do silêncio de José (Mt 1,24).  Foram dois encontros diferenciados, contudo, profundamente significativos. De diferentes formas Maria e José assumiram a responsabilidade pela obra de Deus.

Maria recebeu a visita do anjo Gabriel que a saudou como cheia de graça (cf. Lc 1,28). E começaram um diálogo pelo qual Maria descobriu que fora escolhida para ser a mãe do salvador (cf. Lc 1, 31). Interpela o anjo tentando compreender como aquilo se dera devido a sua condição de jovem prometida em casamento a José. Humanamente não poderia gerar uma vida. E o anjo fala da intervenção divina em nome do seu plano de amor. Para ele nada é impossível (cf. Lc 1, 37). Após o diálogo, e compreendendo o seu lugar no plano Maria deu o seu sim como serva do Senhor (cf. Lc 1,39). Deus precisou de uma mulher para continuar dialogando com a humanidade de uma forma definitiva, através do Filho, através de Jesus. A vinda de Jesus ao mundo precisou daquela mulher, a jovem de Nazaré.

José também deu o seu sim e, como já afirmado, de forma diferente de sua futura esposa. Soube da gravidez e, por causa da sua justiça e honestidade, não queria sofrimento. Abandonaria Maria em segredo (cf. Mt 1,19). Após a escuta do anjo do Senhor, que lhe aparecera em sonho José assumiu Maria como sua esposa e a paternidade de Jesus. José não dialogou. Escutou e obedeceu no mais completo silêncio. Não precisaria de palavras. Seus gestos revelaram o sim que estava dando. Segundo o Papa Francisco “José acolheu Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento” (cf. Patris Corde, 4). No sim silencioso José revelou a sua condição de homem bom e justo características que se mostraram também diante dos percalços da viagem a Belém e da fuga para o Egito. Viveu em plenitude o sim dado ao Senhor.

Deus contou com a colaboração humana para realizar o projeto salvador. Olhou para Maria e olhou para José.  Recebeu o sim de Maria depois do diálogo. Recebeu o sim de José no silêncio e obediência. O casal de Nazaré expressou de formas diferenciadas o compromisso com o Pai e o seu projeto de amor.

Pe. Ari Antonio dos Reis 

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