Em junho do ano passado já havia dedicado esse
espaço para tratar do tema que em muito preocupa nós professores, pais e atinge
diretamente alunos em fase escolar.
Os pais e os responsáveis por estudantes que acompanharam crianças e adolescentes no momento da pandemia e do ensino remoto identificaram os desafios que tinham pela frente, e, para muitos, foi impossível vencê-los.
O vírus COVID-19 marcou toda uma geração que está em fase escolar.
As ações para a retomada da economia e os tantos prejuízos na saúde para milhares de pessoas que ficaram com sequelas ou perderam seus familiares são imensuráveis, e as variantes do vírus não estão dando trégua.
Todavia, uma questão que me inquieta são alguns aspectos quanto aos impactos futuros que a pandemia irá apresentar, em especial, quanto à educação de crianças e jovens.
A polarização da política, com discursos dos pré-candidatos de dois polos ideológicos que se embatem, fomenta cada vez mais o discurso de ódio. Identificamos a todo momento formadores de opinião apresentando posicionamentos em suas redes sociais e em meio a tudo isso está o eleitor/cidadão, que está recepcionando toda a sorte de emoções, com dificuldades em desenvolver suas atividades frente aos desafios e limitações impostos pela pandemia e a restrição em seu orçamento familiar que não mais garante a compra dos itens e serviços de necessidade e que aumenta a cada dia.
E, a educação de nossos filhos e adolescentes, como se apresenta?
Realidades distintas distanciam alunos da rede privada de ensino e da rede pública. O modelo híbrido de ensino com aulas presenciais e remotas veio para ficar, sendo agora usado, inclusive, como reforço escolar. O programa vacinal continua alargando as faixas etárias e chegando às crianças.
Alguns governantes têm lançado medidas estruturais temporárias nas áreas da saúde, com contratação de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dentre outras especialidades, com o objetivo de recuperar a defasagem escolar causada pelo afastamento do ambiente escolar, tão necessário para nossas crianças e adolescentes desenvolverem suas competências e habilidades cognitivas e emocionais com o círculo social em que se inserem.
Todas essas ações são reflexo do clamor que fizemos para que a devida atenção às crianças e adolescentes fosse concedida, pois, a ideia que o tempo sanará as lacunas de aprendizagem com certeza tranquiliza aos mais abastados, que conseguiram alcançar aos filhos todo o suporte emocional e financeiro, com tecnologia e meios para garantir a continuidade dos estudos sem tamanhas defasagens. Sabemos que essa não é a realidade de grande parcela dos estudantes.
Com certeza o avança tecnológico e a utilização dos recursos tecnológicos mostraram-se os grandes aliados das escolas, estudantes e professores, viabilizando a condução das aulas no modelo remoto, com a construção de experiências em interações on-line, sendo que mais do que nunca está sendo fundamental o esforço coletivo das escolas e famílias para vencerem-se os obstáculos e recuperarem-se as perdas dos níveis de aprendizado.
Qual o real aprendizado de nossos estudantes? Alunos em alfabetização, alunos que se preparam para prestar vestibular para a escolha da profissão, a inquietação dos alunos frente as dificuldades para a retomada de todo o estudo para fins de diminuir o déficit de aprendizado, o necessário desempenho satisfatório no ENEM (nível médio), no ENADE (nível superior).
O que está notório e incontestável é que os aspectos econômicos e regionais ampliaram ainda mais a desigualdade ao acesso à educação, e o formato híbrido trouxe uma sobrecarga de trabalho aos professores.
Janaína Leite Portella
Advogada, Professora universitária,
Empresária e Vereadora
janaina@leiteportellaadvogados.com.br