Um rei
ofereceu um grande
prêmio ao artista
que melhor
retratasse a ideia de paz. Muitos pintores
enviaram seus trabalhos
ao palácio, mostrando bosques
ao entardecer, rios
tranquilos, crianças correndo na areia, arco-íris no céu, gotas de orvalho numa pétala
de rosa.
O rei examinou o material enviado, e terminou selecionando apenas dois trabalhos.
O primeiro mostrava um lago tranquilo, espelho perfeito das montanhas poderosas e do céu azul que o rodeava. Aqui e ali se podiam ver pequenas nuvens brancas e, para quem reparasse bem, no canto esquerdo do lago, existia uma pequena casa, a janela aberta, a fumaça saindo da chaminé, o que era sinal de um jantar frugal, mas apetitoso.
O segundo quadro também retratava montanhas. Mas essas eram escabrosas, os picos afilados e escarpados. Sobre as montanhas, o céu estava implacavelmente escuro, e das nuvens carregadas saíam raios, granizo e chuva torrencial.
A pintura se mostrava em total desarmonia com os outros quadros enviados para o concurso. Entretanto, quando se observava cuidadosamente este último, notava-se, numa fenda da rocha inóspita, um ninho de pássaros. Ali, no meio do violento rugir da tempestade, sentava-se calmamente uma andorinha.
Ao reunir sua corte, o rei elegeu a segunda pintura como a que melhor expressava a ideia de paz. E explicou:
- Paz não é o que encontramos num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho duro, mas o que permite manter a calma em nosso coração, mesmo no meio das situações mais adversas. Esse é o verdadeiro e único significado do segundo quadro.