Um senhor mandou o servo ao açougue, ordenando com ar superior:
- Quero que traga a melhor carne que encontrar no açougue.
Para atender à recomendação do amo, o servo trouxe-lhe uma língua de boi.
Dias depois, o senhor chamou, novamente, o mesmo servo, dando a seguinte ordem:
- Traga-me do açougue a carne mais ordinária que encontrar.
O servo, como fizera da primeira vez, trouxe novamente uma língua.
- Que quer dizer isso? Para qualquer recomendação sempre me traz uma língua – protestou, afoitamente, o senhor.
O servo, que também era uma pessoa de alto saber, explicou:
- A língua é quanto há no mundo de melhor e, também, de pior. Se bondosa, nada há de melhor; mas se for maldizente e mentirosa, nada haverá de pior.