RABISCOS SEMANAIS: Gestar uma pedagogia juvenil!

Postado por: Leandro de Mello

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A caminhada cristã, à luz da ciência teológica, reflete que o processo de discipulado à missionariedade, isto é, o caminho de descobrir-se discípulo(a) de Jesus Cristo e, a partir daí, comprometer-se com o apostolado, reverbera a mistagogia do próprio Cristo que, historicamente, desenvolveu um projeto político pedagógico de formação integral em prol da vida em abundância (Jo 10,10), fundamentado pela prática constante da justiça social, da solidariedade, da fraterna convivência, vida orante, partilha e aprendizagem compartilhada. 
O construto de práticas pastorais educativas, com vistas à formação integral de sujeitos, à luz da fé, prima-se pelo diálogo constante, perante saudáveis tensões que esta opção provoca e que, por vezes, demandam sapiência e tempo para obtenção de resultados satisfatórios. Dialogar é um ato político, exigente às gerações que optam pela didática do caminhar juntos para construir, quase que de forma artesanal, processos profícuos à justiça, à dignidade, à paz, à consciência crítica que permitam a confecção de utopias concretas no cotidiano para o bem viver. 
Sabe-se que “um dos papéis fundamentais da Pedagogia é produzir diálogos com a Sociologia, com os diversos ramos da Psicologia, com a Antropologia e com a História, com o objetivo de elaborar e sistematizar reflexões pedagógicas capazes de sintonizar os sujeitos do processo educativo e os objetivos das práticas nos diversos contextos, formais e não formais, em que essas práticas se desenvolvem” (Juarez Dayrell. Por uma pedagogia das juventudes, 2016, p. 250).  Será possível, hoje, reconstruir a ação metodológica pedagógica no que tange a opção fundamental de ação pastoral juvenil ante a voraz realidade contemporânea e suas árduas contradições?
Pensar e arquitetar uma boa política dialógica requer “gerar processos de encontro, processos que possam construir um povo capaz de colecionar as diferenças” (FrT, n.217); colocando-as a serviço do bem comum. No tocante ao trabalho juvenil revela-se fundamental estabelecer um pacto social pedagógico com princípios e metodologias gestoras de vida e formação embasadas em práticas educacionais integrais, inclusivas e de qualidade, nutridas com a participação, a articulação e o protagonismo juvenil, à luz do evangelho, sim, mas também com escuta crítica, atenta à realidade sociopolítica, econômico cultural e eclesial. 
Neste apostolado evangelizador, portanto, alvejados(as) pela esperança para construção de um mundo melhor, uma sociedade mais justa e fraterna, é-nos essencial um compromisso autêntico com a verdade, com a ética, com a amizade social e o cuidado com a vida, propiciando ao caminho pastoral com a juventude a germinação de “uma pedagogia que introduza a pessoa passo a passo até chegar à plena apropriação do mistério” (EG, n.171) em seu protagonismo apostólico sócio transformador na alteridade do encontrar-se consigo, comunitariamente e na sociedade civil, pois, “como nunca antes na história, o destino comum obriga-nos a procurar um novo início” (LS, n. 207). 
Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 03 05 2022.

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