“Uma casa que não tem nada fora do lugar é uma casa morta” dissera Mario Sérgio Cortella; pois, “vida, é vibração, vibração é movimento molecular e nessa hora, a casa em ordem, é uma casa triste, é a casa que não se vive mais nela”. Há que se perguntar, hoje, qual será, então, a bagunça pedagógica capaz de gerar vida aos lares e corações, não?
A sagrada escritura, a saber, faz memória à caminhada exodal na qual o povo de Deus, à luz da fé, lança-se em peregrinação à “Terra Prometida”, livrando-se de situações violentas, de escravidão e morte. Moisés descobre-se vocacionado à Deus, uma significativa liderança, responsável por garantir que o coração da comunidade viandante permanecesse vibrante, apesar das agruras experimentadas no trajeto. Tornando-se referencial no processo de libertação, Moisés exercera fundamental papel pedagógico junto ao povo; todavia, não o fez sozinho. O caminhar processual gestou a formação de novas lideranças dentre a comunidade.
Josué, após a Páscoa de Moisés, assume o compromisso de acompanhar as famílias, organizando-as ao atravessar o Rio Jordão (Js 1,1-4) à povoar a nova terra sob importante promessa divina: “assim como estive com Moisés, estarei com você. Eu não o deixarei nem o abandonarei” (Js 1,5). A vida precisara se ressignificar, pois, a casa ganhara outras versões. Agora, ante as turbulências sociopolíticas e econômico culturais, era preciso guardar viva a esperança e professar a fé. Desta forma, Josué convida ao discernimento: “sejam fiéis a Javé, sirvam a ele, com perfeição e verdade” (Js 24,14).
Mostra-se importante que cada família, cada pessoa viva e organize-se conscientemente para compreender-se capaz de escolher qual caminho conduz à digna vida. Neste interim, professa Josué: “Quanto a mim e à minha casa, nós serviremos a Javé” (Js 24,15). Amplia-se a compreensão da casa, pois, não expressa apenas um local habitacional. A “Casa” guarda consigo àquilo que é essencial, isto é, as pessoas, a família, o núcleo de alteridade humana que se constrói diuturnamente na relação com toda Criação.
Compreende-se, portanto, o que leva à morte, o ambiente no qual há inexistência de sujeitos repletos de viver. Jesus Cristo, o Emanuel (Deus Conosco) apresenta-se como “caminho, verdade e vida” (Jo 14,6). Seu modo de compartilhar a profunda e bela experiência de viver conclama outras pessoas à vida e vida plena (Jo 10,10), pois, propõe um modo totalmente inovador: “amar-se uns aos outros” (Jo 13,34-35). A reviravolta, outrossim, ocasionada pela vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus trouxe à humanidade, no transcorrer da história, a consciência de que somos habitantes da Casa Comum! Mantê-la viva e alegre, destarte, é responsabilidade nossa!
Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 17 05 2022.