Será possível evangelizar através do corpo? A corporeidade revela-se como a experiência de viver nossa condição humana que, à luz da fé, transpira o sopro do transcendente. Paulo apóstolo, dirigindo-se, em carta, à comunidade de Corinto, expressa: “vocês não sabem que são templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (1Cor 3,16). Mais! “O templo de Deus é santo, e esse templo são vocês! Tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo é de Deus” (1Cor 3,17b.22-23).
Luciano Manicardi, na obra “O Humano Sofrer: evangelizar as palavras sobre o sofrimento” pondera que “a encarnação, no coração da revelação cristã, afirma que Deus encontra a pessoa humana no corpo e que o corpo é a via do homem [mulher] para encontrar Deus” (CNBB, 2017, p.135). A pessoa em sua totalidade é, então, expressão, imagem e semelhança de Deus. Desta forma, compreende-se que pela corporeidade humana Deus age e manifesta seu amor, inspirando-nos à amar.
João evangelista transmite a Boa Nova, o Evangelho, dizendo que o verbo, a Palavra existia no princípio, “e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. E a Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que ela tem como Filho único do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1,1.14). Neste sentido, o corpo, a corporeidade transmite-nos uma compreensão e referência de transcendência, e responsabiliza-nos ao cuidado que reverbera em caminho de sentido à vida.
Papa Francisco, através da Exortação Apostólica Christus Vivit, sustenta que Jesus Cristo é “a mais bela juventude deste mundo” (ChV, n.1). Como bem expressa, em canção, Jorge Trevisol: “o rosto de Deus é jovem também e o sonho mais lindo é Ele quem tem. Deus não envelhece, tampouco morreu. Continua vivo no povo que é seu. Se a juventude viesse a faltar o rosto de Deus iria mudar” (O mesmo rosto). “Ele está em ti, Ele está contigo e nunca te abandona. Por mais que te distancies, ali está o Ressuscitado, chamando-te e esperando-te para começar de novo” (ChV, n. 2).
Traduz-se, portanto, em cada sujeito cristão, uma expressiva mensagem evangelizadora que se constrói, processualmente, na alteridade das relações sociais, culturais, político econômicas e eclesiais. Neste construto, a saber, há símbolos que corroboram à missão evangelizadora. Façamos referência, para exemplificar, às camisetas confeccionadas dentre as expressões juvenis. Quando interpelado no grupo de jovens acerca de uma frase estampada na camiseta, refletia: “Qual frase transmite melhor nosso jeito de ser jovem com Jesus Cristo?” Respondera, então, uma das jovens: “me fez refletir de uma forma bem diferente. Pensava em algo que ficasse legal, uma frase bacana, mas não pensava tanto nesse sentido, levando nossa missão como jovens. Antes de achar o modelo, eu olhei a que ficava legal, mas quando li essa pergunta parece que vi com outros olhos!” Cada jovem, na integralidade de seu ser, é sinal sagrado à evangelizar. “Jesus não ilumina, de longe ou de fora, vocês, jovens, mas a partir de sua própria juventude, que compartilha com vocês” (ChV, n. 31).
Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 24 05 2022.