Estar com jovens e fazer a experiência de compartilhar histórias, relatos de vida, fatos e memórias saudáveis à reta vivência social e cristã torna-nos mais humanos e, consequentemente, aproxima-nos um pouco mais da amorosidade de Deus. Há, na proposta evangelizadora da Igreja Católica, diversas formas de organização juvenil com peculiares métodos de atuação comunitária e social. Salvaguardar raízes da caminhada cristã e cidadã são valores caros à comunhão fraterna socioeclesial quando almeja-se seguir fermentando a missão apostólica e testemunhal às novas e futuras gerações.
Reverbera cotidianamente, então, ao coração humano, importante questionamento: como relacionar-se? Somos seres constantemente nutridos por relações interpessoais, com a natureza e o transcendente. Sabe-se que a vida constitui-se mais saudável na alteridade. Desta forma, emergem inquietações plausíveis à saúde integral: como cultivar o autocuidado? As relações interpessoais corroboram para o bem viver? Observa-se o contato com o meio ambiente? Que sentido dar à vida?
A tradição bíblica compartilha conosco, à luz da fé, uma significativa e permanente ação relacional entre a “Criação” e o transcendente, Deus. O Primeiro Testamento ao apresentar o relato da criação sugere que águas, terras, animais e plantas são bons aos olhos de Deus: “viu que era bom” (Gn 1,1-25). O ser humano, ademais, “imagem e semelhança” (Gn 1,26) de Deus que o “abençoou” (Gn 1,27) com a responsabilidade de ser fecundo e zelar por toda forma de vida; este “era muito bom” (Gn 1,31).
No Segundo Testamento, a saber, a proximidade ganha amplo e novo significado, pois, em Jesus Cristo, cada pessoa, a comunidade humana, através do amor, compreende-se partícipe da família de Deus. “Vejam que mostra de amor o Pai nos tem dado: sermos chamados filhos de Deus. E nós o somos!” (1 Jo 3,1). As raízes da fé, esperança e caridade são constantemente assim transmitidas.
A ação evangelizadora e sociotransformadora, à luz do Evangelho, portanto, ensina ser essencial preservar boas relações fundamentadas na história, pela memória e o testemunho de pessoas que articulam-se nos espaços comunitários. Justifica-se, desta maneira, a indispensável opção pela cultura do encontrar-se e do compartir. Papa Francisco recorda ser “impossível que alguém cresça se não tem raízes fortes que ajudem a estar bem sustentado e agarrado à terra” (ChV, n. 179). Mais! “Compreender isso permite distinguir a alegria da juventude de um falso culto à juventude que alguns usam para seduzir os jovens e usá-los para seus propósitos” (ChV, n. 180).
Padre Leandro de Mello - @padreleojuventude. Passo Fundo, 07 06 2022.