Escutar a voz da Criação propõe-nos, enquanto convite, o tema do Tempo da Criação, neste 2022! Nascera como inspiração originária do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla com Dimitrios I que proclamou, em 1989, 1º de setembro como dia de oração pelo ambiente, pois, marca o início do ano da Igreja Ortodoxa Oriental. O Conselho Mundial de Igrejas abraça a proposta que ganha ampla expansão no novo milênio. A Igreja Católica, ademais, passa a incentivar que todas as comunidades possam celebrar e participar deste caminho ecumênico que se inicia, então, em 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, e encerra-se em 04 de outubro, festa de São Francisco de Assis, patrono da Ecologia.
Papa Francisco, após a publicação da “Laudato Si”, ao oficializar o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação no calendário católico, em 2015, motiva à participação: “somos as criaturas prediletas de Deus, que, na sua bondade, nos chama a amar a vida e a vivê-la em comunhão, conectados com a criação. Por isso, convido veementemente os fiéis a se dedicarem à oração neste tempo que, a partir de uma iniciativa oportunamente nascida em âmbito ecumênico, se configurou como Tempo da Criação”.
Há um comitê ecumênico responsável por planejar e promover, anualmente, o Tempo da Criação, bem como corroborar para que todos(as) os cristãos(ãs) e as pessoas de boa vontade tenham clareza de que “o Tempo da Criação é um período para renovar a nossa relação com o nosso Criador e com toda a criação por meio da celebração, da conversão e do compromisso juntos. Durante o Tempo da Criação, nos unimos às nossas irmãs e irmãos da família ecumênica em oração e ação pela nossa casa comum”.
A inspiração bíblica, neste tempo presente, recorre à experiência de Moisés junto a “Sarça Ardente” enquanto símbolo orante e reflexivo: “Eu ouvi os seus clamores…Eu conheço seus sofrimentos… Vai, eu te envio! Eu os enviarei… eu estarei contigo” (Ex 3, 1-12). Quer-se, a partir da construção participativa, promover a conscientização pública acerca das questões climáticas, das energias renováveis e do cuidado integral à vida. Sugere-se conhecer o filme sobre a Laudato Si, dialogar a respeito da ética ecoteológica e ambiental, participar em campanhas permanentes e eventos, como a COP15/COP27, etc. porque “a conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária” (LS, n. 219).
Almeja-se, portanto, praticar uma “espiritualidade ecológica” (LS, n. 216) que, à luz do Evangelho, inspire-nos, como a São Francisco de Assis, à cantar: “louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas” (cf. Cântico do Irmão Sol). Como o Jovem de Assis, “escutou a voz de Deus, escutou a voz dos pobres, escutou a voz do enfermo, escutou a voz da natureza” (FrT, n. 48), é-nos possível escutar a voz da criação e agir. Como? Papa Francisco, através da mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a saber, conclama às nações quatro princípios-chave: “construir uma base ética clara para a transformação que precisamos a fim de salvar a biodiversidade; lutar contra a perda de biodiversidade, apoiar a sua conservação e recuperação e satisfazer de forma sustentável as necessidades das pessoas; promover a solidariedade global, tendo em vista que a biodiversidade é um bem comum global que requer um empenho compartilhado; colocar no centro as pessoas em situações de vulnerabilidade, incluindo as mais afetadas pela perda de biodiversidade, como as populações indígenas, os idosos e os jovens”. Paz e Bem!
Acesse: https://seasonofcreation.org/wp-content/uploads/2022/07/SOC-2022-Guia-de-Celebracao-final.pdf
Padre Leandro de Mello – @padreleojuventude. Passo Fundo, 04 10 2022.