RABISCOS SEMANAIS: Meio abraço?

 29/11/2022 - 07:47hrs
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A Copa do Mundo de Futebol, no Catar (Qatar), expõe emoções, contextos e realidades diversas aos olhos, ouvidos e demais sentidos humanos. O Brasil joga entre os países favoritos ao título, pois, traz na bagagem a experiência de estar em todas as edições da competição. Sagrou-se campeã pela primeira vez em 1958, mas guardara o terceiro lugar, em 1938, e o vice-campeonato em 1950. Almeja-se agora o hexa, uma vez que o pentacampeonato deu-se há 10 anos, em 2002.  

A Seleção Brasileira de futebol estreou, em 2022, vencendo a Seleção Sérvia com dois gols de Richarlison, o Pombo, jovem camisa 9. Richarlison de Andrade, capixaba, guri humilde, 25 anos, engajado em ações e causas sociais, olhar brilhante, coração generoso, dedicado à alegria do grupo, do coletivo, do bem comum. É pertinente recordar quão jovem revela-se o elenco de atletas da equipe brasileira coordenada pelo técnico, gaúcho, Adenor Leonardo Bachi, o Tite. 

A saber, Vicente Feola, treinador brasileiro em 1958, tornou-se o campeão mundial responsável por criar um esquema tático original (4-3-3) capaz de garantir uma sólida defesa à seleção que, em toda competição, sofrera apenas quatro gols. À frente o trio com Edson Arantes do Nascimento (Pelé), Manoel Francisco dos Santos (Garrincha) e Edvaldo Izídio Neto (Vavá), ademais, marcara a história das copas.   

À memória histórica e à religiosidade popular requer-se mencionar que na Suécia, anfitriã da Copa de 1958, houve aflição e temor antes de elevar a taça de campeão mundial. Ambas as seleções, Suécia e Brasil, vestiam uniformes com cores coincidentes e, pelo sorteio, a Seleção Brasileira não poderia vestir a camisa amarela. Por não haver outro uniforme oficial da delegação do Brasil emerge uma situação delicada urgente.  Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação, sensível a realidade complexa e buscando motivar o plantel de atletas, recolheu-se no quarto e diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, rezava suplicando uma alternativa. 

Eis que surge a inspiração e, Machado, dirigindo-se à concentração, junto a delegação exclama em alta voz: “Está decidido: vamos jogar de azul, a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Ela vai dar a força que precisamos para ganhar o título” (www.gazetasp.com.br). Às pressas fez-se a encomenda para uma confecção sueca; durante uma viagem de trem de Gotemburgo à Estocolmo, Mário Américo (massagista) e Francisco Alves (roupeiro) costuraram números e distintivos. Vestindo azul o Brasil venceu a Suécia por 5 a 2, após derrotar a França na semifinal.  

Todavia, causou-me estranheza, o término da partida da estreia brasileira na atual competição, quando Richarlison, ao saudar seus companheiros de equipe, recebera "meio abraço" de um deles, sagrado dentre os maiores jogadores. Braços servem para abraçar, não é? Richarlison abraçou-o, mas e a recíproca, Neymar? Talvez, exagerada seja tal leitura, e não perceptível a expressão corporal e emocional. Contudo, à alteridade mais sensível, faz-se notório tal sonegação efetiva, amistosa e social.

Portanto, diga-se à Richarlison, às delegações todas, partícipes do mundial de futebol, e à quem tenha boa vontade em escutar, que a empatia e a reciprocidade resultam do exercício humano de respeito, fraternidade e comprometimento. Quando, pedagogicamente, ensina-se outra pessoa a compreender que o “joelho ralado” não impede a continuidade da aprendizagem lúdico educativa, faz-se um gesto de nobreza e responsabilidade à formação integral cidadã e, por que não dizer, cristã! Segue firme, menino, para o abraço! A grandeza do amor aos outros e à Deus é a gratuidade que fermenta à vida plena (Jo 10,10). 

Abraço integral!

Padre Leandro de Mello – @padreleojuventude. Passo Fundo, 29 11 2022.

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