Na Solenidade de Cristo Rei e encerramento do ano litúrgico, deu-se início ao 3º Ano Vocacional Brasileiro tendo como tema: vocação: graça e missão; e lema: corações ardentes e pés a caminho, este extraído do evangelho de Lucas 24, 15-32, que versa sobre o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos no caminho de Emaús. Esta é a terceira edição do Ano Vocacional. A primeira foi em 1983 trabalhado a partir do tema: vem e segue-me e o lema eu conto com você (Lc 18,22). A segunda foi no ano de 2003, a partir do tema: batismo, fonte das vocações; e o lema: avancem para as águas mais profundas (Lc 5,4). Retoma-se agora 2022-2023 esta bonita oportunidade de tematizar a vocação como forma de suscitar de parte dos cristãos católicos um compromisso efetivo com a Igreja participando dos diferentes ministérios eclesiais.
A Igreja, que nasceu para evangelizar, necessita suscitar vocações diferenciadas para se fortalecer no cumprimento desse compromisso fundamental, razão da sua existência. Tem como grande riqueza os homens e mulheres de fé, batizados e mergulhados na vida cristã. O ano vocacional reitera essa condição, herdada do Sacramento do Batismo, através do expresso no objetivo: promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus.
A proposição do ano vocacional não visa suscitar o empenho por uma vocação específica, mas compreender a profunda ligação entre batismo, vocação e missão. As pessoas, feitos membros do Povo de Deus, que formam um sacerdócio santo (LG 10), graça herdada do Batismo, são convidados a escutar o chamado vocacional e o assumirem este como graça e missão.
É graça porque a fonte do chamado é Deus. Ele, no seu amor e bondade, se deu a conhecer a todas as pessoas e as convida a colaborar na sua obra. No caso compreende-se graça como dádiva de Deus concedida aos homens e que os torna capazes de alcançar a salvação. Deus vem ao encontro do ser humano e aponta o caminho para o ser humano achegar-se a Ele. É caminho da salvação. É também um percurso vocacional (vocare – chamado) porque considera que a resposta dada será explicitada na colaboração cotidiana com a obra salvadora. Vê-se que a graça de Deus motiva a uma reação e não deixa a pessoa na passividade. Ela vai viver uma experiência transformadora na sua vida, a graça que se renova.
Vocação é também missão que demanda da graça batismal, dádiva divina. A Igreja é por natureza missionária (AD 2). Os membros da Igreja, povo de Deus, colaboram para dar substância a esse compromisso identitário da Igreja. O texto do Evangelho de Marcos 3, 13-19 fundamenta o acento missionário. Jesus, enviado do Pai escolheu algumas pessoas e as enviou em missão. Veja-se que a obra missionária parte de Jesus e cada ser humano é chamado a responder o convite e a resposta será dada no dia-a-dia da vida comunitária.
O lema: corações ardentes, pés a caminho parte da bonita reflexão do Evangelista Lucas sobre a ressurreição do Senhor. As duas pessoas que partiram rumo a Emaús encontraram o ressuscitado no caminho. Através da aproximação e da Palavra os ajudou a compreenderem aquele momento. Enquanto ouviam a Palavra seus corações ardiam. Não é uma ardência paralisadora ou medrosa. Ela dá a sensação de que é possível fazer algo mais além da acomodação ou fuga diante das responsabilidades que brotam da fé herdada no Batismo. Queremos que o coração de cada pessoa, especialmente, os jovens ardam quando escutarem a Palavra. O coração que arde suscita outro passo, colocar-se a caminho para anunciar o Jesus ressuscitado. O anúncio feito a partir de um coração ardente provocará outras pessoas a fazerem a experiência, que é uma experiência de graça.
O ano vocacional será para a Igreja no Brasil um tempo de graça. Aproveitemos esse tempo salutar para deixar o coração arder e nos coloquemos a caminho do anúncio do Ressuscitado assumindo cada um a sua vocação específica.
Pe. Ari Antonio dos Reis
Pe. Erico Martins