Estamos em plena caminhada do Advento, tempo de preparação para o Natal e espera do Senhor Jesus. Durante quatro semanas, através da oração pessoal, familiar e participação na liturgia da vida comunitária, é possível intensificar esta preparação. Ela é importante para que o Natal não se transforme em um evento desprovido do seu verdadeiro sentido.
O Advento não é apenas um tempo de passagem. É um tempo que, em si, carrega grande densidade quanto à vida de fé. A partir dos textos bíblicos percebemos a força da intervenção de Deus na história em nome do seu projeto de amor. Algumas figuras bíblicas explicitam isso: Isabel e Zacarias, João Batista, Maria e José. A boa vivência desse tempo implicará na boa experiência de acolher o salvador da humanidade como fizeram os pastores e os reis magos.
O tempo do Advento ressalta a primeira vinda do Senhor, amplamente fundamentada na Sagrada Escritura e inserida na História da humanidade. Ele veio, em nome do amor do Pai, em vista da salvação da humanidade. Este tempo também convida a preparação para a segunda vinda, a manifestação gloriosa do Senhor Jesus para conceder a todos os homens e mulheres os bens prometidos agora de forma plena e definitiva. Ambas as vindas do Senhor se estruturam no desejo de Deus salvar a humanidade.
Temos uma certeza, o Senhor está próximo. Tal proximidade é precedida pela ação de alguns personagens expressos na Sagrada Escritura. Lembremos especialmente o homem que anunciou o Senhor, João Batista, profeta que veio do deserto convidou a humanidade a preparar-se para acolher Jesus. Dizia: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele fez questão de esclarecer o seu papel e função diante do Senhor que viria: “eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Mt 3,11). João Batista motiva a conversão sincera como um dos meios de esperar o Senhor. Cabe-nos acolher esta sugestão.
Deus no seu amor, benevolência e desejo de salvar a humanidade não quis agir sozinho. Ele buscou contar com a colaboração humana. Surgem então dois outros personagens, Maria e José, a família de Nazaré. De formas diferentes o casal de Nazaré manifestou o assentimento ao desejo de Deus em se encarnar na humanidade para salvá-la. Maria dialogou com o enviado e disse sim (Lc 2, 26-38). José escutou a consciência de homem justo e também disse sim (Mt 1,14). A partir de então o anunciado por João Batista encontrou um lar como referia-se o Papa Francisco: É bom refletir que o Filho de Deus, como todas as crianças, quis ter necessidade do calor de uma família. A decisão de Deus e o assentimento do casal de Nazaré trouxeram consequências, uma delas é que ao olharmos para o menino necessariamente olharmos para aqueles que permitiram a sua vinda, os seus pais. Através de uma família Deus interagiu com a humanidade.
Lembremos também outros dois grupos de personagens bíblicos, a saber, os pastores (Lc 2, 8-15) e os reis magos (Mt 2, 1-12). Eles apontam também um caminho para a humanidade intrinsicamente ligado à preparação para a vinda do Senhor, a acolhida do menino Jesus.
Na noite de Natal os pastores saíram em busca de algo extraordinário. Deixaram o trabalho e colocaram o pé na estrada porque para eles a busca tinha sentido. E manifestaram a acolhida ao salvador com a reverência, o olhar e a ação de graças. Não precisava mais nada. As três atitudes manifestavam mais que muitas palavras. Eles, pela referência, pelo olhar e pela ação de graças diziam que aquele menino era bem vindo entre a sua gente, os pobres.
O outro grupo fez uma viagem mais longa, certamente mais árdua. Equivocaram-se no caminho e quase colocaram o projeto a perder. No final a boa vontade e a verdade prevaleceram. Também tiveram a oportunidade de encontrar o recém-nascido. Assumiram a atitude de reverência, olhar e o silêncio, acrescidos dos presentes: ouro, incenso e mirra, dons de grande valor. Nos presentes dados ofertaram a acolhida à criança. Ela era bem vinda, não só entre a gente de Jesus (pastores) mas também entre a humanidade que, por vezes seguindo caminhos tortuosos, busca encontrar-se com o Senhor.
João Batista motiva-os à preparação para a vinda do salvador. É uma preparação profunda, transformadora. Maria e José ensinam a colaboração, certamente um gesto que não nos deixará incólumes. Os pastores e os magos ensinam a acolhida. Acolher aquele que transformará as nossas vidas.
Estamos no primeiro passo. Vamos vivê-lo intensamente.