Por que escrevemos? O que nos torna escritores?

Postado por: Nei Alberto Pies

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Por que escrevemos? O que nos torna escritores?

No dia 13 de julho de 2023, numa tarde muito frio, num casarão que abriga as Letras, como acadêmico, realizei uma oficina com a temática Por que escrevemos? O que nos torna escritores? Comigo estavam 15 adolescentes/jovens, de diferentes escolas da rede pública municipal e a coordenadora do Projeto Identificando talentos, Dilse Corteze, confreira da Academia Passo-Fundense de Letras.

Foi uma alegria encontrar neste ambiente estudantes da rede municipal ávidos por conhecimento envolvendo leitura, escrita e literatura. É sempre uma grande motivação para um professor encontrar jovens leitores e escritores dispostos a encarar os desafios das letras e das palavras.

Como a metodologia proposta foi uma oficina, houve momentos de conversa e diálogo, intercalando as experiências do proponente com as experiências dos participantes. Houve registros e construção textual dos estudantes, conforme roteiro que segue. Houve também um combinado com eles, no sentido de que esta atividade resultaria na escrita de uma crônica.

Seguem reflexões que nortearam as provocações que fizeram a oficina acontecer, abordando o gênero literário crônica.

Por que escrevemos?

Acredito que escrevemos para nos humanizar, para nos tornarmos melhores seres humanos através da literatura. Mas a escrita também é prática social, quando reflete o cotidiano das nossas ações e nossas vidas; nos permite desvelar e revelar a realidade como ela é. Pode ser terapia, possibilitando que sentimentos e sofrimentos sejam melhor elaborados.

Escrever é uma arte, que pode ser aperfeiçoada para nos comunicarmos mais e melhor com os outros. Exige paciência, ambiente e concentração. Escrever é um trabalho e uma inspiração.

Quem escreve, pensa melhor, comunica com mais clareza e intensidade.

Escrevemos para mostrar aos outros que existimos, que estamos nos fazendo, nos construindo, nos conhecendo como seres humanos.

Como lembra Eduardo Galeano, “em realidade, a gente escreve para as pessoas com cuja sorte ou má sorte se sente identificado: os que comem mal, os que dormem pouco, os rebeldes e humilhados desta terra: que em geral nem saber ler”.

As histórias dos escritores e escritoras

Cada participante escreveu, em breve texto, as motivações que o fizeram despertar e aperfeiçoar a escrita.


O que nos torna escritores?

Um escritor ou uma escritora é, antes de mais nada, um grande leitor ou leitora.

Quando alguém decide ser escritor ou escritora, é preciso que tenha muita persistência, crença no ofício da escrita e dedicação. É preciso também manter uma mente aberta à pluralidade dos mundos e das ideias que nos cercam. É preciso suportar críticas dos leitores e leitoras, mas sempre valorizando aquelas que vem para nos desafiar ao invés das que vem nos desacreditar.

 

Um escritor ou escritora relaciona-se de forma direta com seus potenciais leitores ou leitoras, sempre oferecendo-lhes a melhor escrita, o melhor texto que puder construir (mesmo sabendo de que nunca somos, sempre estamos sendo).

Não existimos como escritores ou escritoras se não tivermos “lugar” ou “espaço” para publicar. Por isso mesmo, precisamos viabilizar parcerias para fazer publicações, participar de eventos literários, conhecer bibliotecas, conversar com escritores, procurar aprender sobre o que as pessoas mais gostam de ler.

Somos reconhecidos escritores ou escritoras na medida em que nossas publicações revelam uma identidade, um jeito nosso e genuíno de escrever. Este reconhecimento pode ser consolidado através do lançamento de um livro, da estruturação de um site próprio (personalizado) ou através da escrita e publicação sobre temas sobre os quais adquirimos credibilidade, notoriedade, admiração, seguidores e críticos.

Vale a pena escrever para a gente se tornar um ser humano melhor, apostando que nossos escritos podem contribuir para que vivamos uma sociedade mais humanizada, mais igualitária e mais fraterna. Eu creio que as palavras e as letras tenham este poder.

Autor: Nei Alberto Pies, professor, escritor e editor site www.neipies.com

 

 

 

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