Neste domingo, encerramento do ano litúrgico de 2024, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A Festa foi instituída em 1925 pelo Papa Pio XI e visa acentuar que a realeza de Jesus Cristo, não se pautando pela compreensão mundana de reinado, mas sim pelo serviço e doação extrema do Filho de Deus como expressa o Apóstolo Paulo em trecho da carta aos Filipenses, convidando a comunidade a ter os mesmos sentimentos do Mestre. Escrevia: Ele que estava com Deus, renunciou ao direito de ser tratado como Deus; tomou a forma de homem e se se fez servo e obediente até a morte e morte de cruz em vista da nossa salvação (cf. Fil 2,5-8).
O Evangelista Marcos escreve que no início da sua peregrinação na Galileia, Jesus anunciou o reino que se aproximava e convidou todos a se converterem e acreditarem no Evangelho (Mc 1,15). O seu peregrinar foi de explicitação desse reino em gestos e palavras gerando nas pessoas grande admiração, porque o ensinamento e as curas respondiam as situações fundamentais das suas vidas. Estas pessoas sentiram-se na pessoa de Jesus, amadas, tocadas e visitadas por Deus. Eram os sinais do reino anunciado.
Jesus procurou explicitar o reino através de parábolas. Dizia entre outras coisas que o reino é como um grão de mostarda, tem grande possibilidade de crescimento e acolhe a todos…é como o fermento, revela potencial de transformação…é como um tesouro escondido no campo, ou uma pérola preciosa, o encontro causa grande alegria. Ele procurava ajudar as pessoas a entenderem o sentido do reino e aderirem a ele.
Diante da confusão dos discípulos que esperavam um reino de poder e prestígio fazia questão de lembrar que o sentido era o serviço humilde a toda a humanidade. Diante do equívoco do grupo, fascinado pelos poderes do mundo, afirmou: “entre vós não deve ser assim, ao contrário, quem de vocês quiser ser grande, seja o servidor de vocês. E quem de vocês quiser ser o primeiro, seja o servo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida como resgate por muitos” (Mc 10,43-45).
Na noite da última ceia, ao tirar o manto e pegar o avental para o lavar os pés dos discípulos, explicitou simbolicamente este compromisso, pedindo que aquela fosse a marca do grupo dos seus seguidores. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam do modo como eu fiz (…). Se vocês entenderem, serão felizes se o praticarem (cf. Jo 13,16-17).
Quando Jesus foi levado diante de Pilatos no julgamento final, antes do calvário. Pilatos perguntou se Ele era rei dos judeus. A pergunta de Pilatos partia da sua compreensão de reinado, ou seja, um reinado do mundo, de disputa de poder, de prestígio. Era justamente a falsa acusação levantada contra Jesus pelos judeus. A resposta que Jesus deu surpreendeu Pilatos. Jesus afirmou: o meu reino não é deste mundo (…) o meu reino não é daqui (cf. Jo 18,36). Ao responder à pergunta Jesus demarca com Pilatos e a quem assistia ao julgamento injusto a diferença entre o reino que anunciava e os reinos mundanos. O prefácio da Solenidade define o que significa o reinado de Jesus: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz (Prefácio da Solenidade de Cristo Rei).
Ao celebrarmos a Solenidade de Cristo Rei, rezamos a sua referência na trajetória cristã. É também alguém a ser seguido porque aponta um caminho com sentido para a humanidade.
Pe. Ari Antonio dos Reis