Noel Fabricio Borges do Canto da Silva, um dos grandes artistas do nosso folclore gaúcho, nasceu em 26 de dezembro de 1941 e recebeu o apelido de “Noel Guarany”, pois ele tinha descendência italiana por parte da família Fabricio, bem como de índios guaranis.
Mesmo tendo nascido em São Luiz Gonzaga, adotou Bossoroca como sua cidade natal. Noel Guarany faleceu em 6 de outubro de1998, em Santa Maria.
Quando era adolescente, aprendeu, de maneira autodidata, o idioma guarani, e com ele conseguia até compor, tocar e cantar.
Na década de 60, viajou para diversos países latino-americanos, onde aprendeu diversas coisas que usou com subsídio, nas suas músicas. Também fez diversos programas de rádios nas cidades de Cerro Largo e São Luiz Gonzaga, bem como Porto Alegre. Não tem como falar desse artista sem falar dos seus discos de vinil, veja o nome de todos os seus discos (em ordem cronológica), e com quem fez parcerias memoráveis:
- Legendas Missioneiras: em 1971, foi gravado pela “RGE”, que havia participações como Jayme Caetano Braun, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse disco, além das músicas constantes do compacto anterior (Filosofia de Gaúderio, com Cenair Maicá), estão presentes outras pérolas de seu repertório, como “Fandango na Fronteira”, “Gaudério” e “Eu e o Rio”.
- Destino Missioneiro: em 1973, pela gravadora Phonogram/Sinter, foi gravado esse belíssimo disco, o qual repetiu algumas parcerias do disco interior, e também músicas próprias, bem como parcerias novas, Barbosa Lessa e Aparício Silva Rillo, estavam nesse disco. “Destino Missioneiro” e “Destino de Peão” estavam nesse disco.
- Sem Fronteiras: em 1975, pela EMI/Odeon, “Sem Fronteiras” está repleto de músicas que acabaram se tornando clássicos do cancioneiro gaúcho, como “Romance do Pala Velho”, “Potro Sem Dono” (de Paulo Portela Fagundes), “Filosofia de Gaudério”, “Balseiros do Rio Uruguai” (de Barbosa Lessa), “Décima do Potro Baio” e “Chamarrita sem Fronteira”.
- Payador, Pampa, Guitarra: no ano de 1976, Noel Guarany gravou em parceria com Jayme Caetano Braun, de maneira independente, o disco “Payador, Pampa, Guitarra”. Gravado parte na Argentina e parte em São Paulo, o disco conta com a participação de grandes músicos argentinos.
- Canto da Fronteira: em 1977, a RGE relançou o disco Legendas Missioneiras, de 1971, com o título de “Canto da Fronteira”.
- Canta Aureliano de Figueiredo Pinto: em 1978 saiu o disco “Canta Aureliano de Figueiredo Pinto”, pela RGE, que resgatava a obra e a memória de um dos grandes poetas do regionalismo gaúcho.
- De Pulperias: em 1979, saiu o disco “De Pulperias”, gravada novamente pela RGE. Nesse disco constam as seguintes marcas, “En el rancho y la cambicha”, “Rio de los pajaros” e “Milonga del peón de campo”.
- Alma, Garra e Melodia: em 1980 saiu “Alma, Garra e Melodia”, em que se destacam as músicas “Maneco Queixo de Ferro” e “Índia cruda”.
- Para o Que Olha Sem Ver: em 1982, foi lançado o disco “Para o Que Olha Sem Ver”, pela gravadora RGE. O título faz referência à canção “Para el que mira sin ver”, do cantor e poeta argentino “Atahualpa Yupanqui”, que também é autor de “Los ejes de mi carreta”. Além dessas, o álbum inclui faixas de forte inspiração folclórica, como “Boi Preto”, “Na Baixada do Manduca” e “Adeus Morena”. Destacam-se ainda quatro composições de João Sampaio. Naquele período, Noel Guarany já apresentava os primeiros sintomas da doença que, anos depois, levaria à sua morte. Com isso, começou a se afastar dos palcos e, insatisfeito com a gravadora, escreveu uma carta aberta à imprensa expressando suas críticas ao tratamento que vinha recebendo.
- A Volta do Missioneiro: em 1985 retira-se definitivamente dos palcos, em cumprimento ao prometido na carta de 1983. No ano de 1988, em conjunto com Jorge Guedes e João Máximo, lança o disco A Volta do Missioneiro.
- Troncos Missioneiros: ainda no mesmo ano (1988), com Cenair Maicá, Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça lançou Troncos Missioneiros, como os quatro ficaram conhecidos.
Mas, então, um dos maiores artistas do cancioneiro gaúcho, começou a ficar cada vez mais fraco, pois uma enfermidade degenerativa no cérebro o afetou, permaneceu recolhido no seu sítio, que ficava em Vila Santos, no munícipio de Santa Maria.
O seu falecimento foi na Casa de Saúde de Santa Maria, mas foi enterrado em Bossoroca, cidade que adotou como sua terra natal, e à qual sempre fez referência em suas canções. No local onde está os restos mortais do cantor, fizeram uma homenagem, com símbolos que representavam o Noel Guarany em toda sua carreira, como uma cruz missioneira, e nela, um pala “velho” pendurado, fazendo referência a sua famosa música “Romance do Pala Velho”, entre outros símbolos.
Mas, afinal, por que ele tem tanta influência no tradicionalismo hoje em dia?
Nos dias de hoje, as músicas desse artista são regravadas até hoje, e usadas nas provas artísticas de solista vocal, coreografias, etc. E o mais incrível de se pensar, é que músicas com mais de 40 anos, ainda são apreciadas pela maioria dos tradicionalistas.