Cenair Maicá nasceu em 3 de maio de 1947, no distrito de Água Fria, em Tucunduva, atual município de Novo Machado, no Rio Grande do Sul. Criado em meio à simplicidade dos acampamentos de extração de madeira às margens do rio Uruguai, na província argentina de Misiones, teve seus primeiros contatos com a música através dos peões paraguaios e argentinos que trabalhavam com seu pai.
Ainda criança, mudou-se para Santo Ângelo, cidade onde consolidou sua trajetória artística. Aos 10 anos, já se apresentava ao lado do irmão Adelque. Em 1970, ganhou projeção ao vencer o 7º Festival do Folclore Correntino, na Argentina, interpretando “Fandango na Fronteira”, de Noel Guarany. A conquista resultou na gravação do compacto “Filosofia de Gaudério”, marcando o início de uma parceria com Noel Guarany e da construção de um legado na música nativista.
Cenair foi um dos chamados Quatro Troncos Missioneiros, ao lado de Jaime Caetano Braun, Pedro Ortaça e Noel Guarany, um grupo de músicos que se destacou por preservar e divulgar a identidade da cultura missioneira. Suas composições retratavam a vida no campo, os povos indígenas e a natureza do Rio Grande do Sul. Contudo, sua trajetória artística também foi marcada pela repressão: a canção “Canto dos Livres” foi censurada durante a Ditadura Militar, tendo discos apreendidos e sua execução proibida nas rádios.
Sua vida foi abreviada por complicações de saúde decorrentes da perda de um rim na juventude. Após anos de tratamento, incluindo um transplante realizado em 1985, faleceu em 2 de janeiro de 1989, aos 41 anos, vítima de uma infecção hospitalar.
Seus restos mortais estão em Santo Ângelo, cidade que mantém viva sua memória com um memorial na entrada do Cemitério Municipal. Seu legado segue vivo na música nativista, sendo lembrado como um dos maiores expoentes da cultura missioneira.