A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Esteio, esclareceu todos os detalhes de um crime bárbaro que vitimou uma jovem mãe de 18 anos, seu bebê de apenas dois meses e um adolescente de 16 anos, amigo da vítima. O autor do triplo homicídio é um líder religioso, que contou com o auxílio de dois adolescentes na ocultação dos corpos. A esposa do homem também confessou envolvimento direto nas mortes.
As investigações começaram ainda na manhã da terça-feira, após a tia da jovem registrar o desaparecimento da sobrinha e do bebê. A Polícia Civil, então, iniciou uma série de diligências ao longo do dia, culminando com a identificação do líder religioso como principal suspeito. Durante o interrogatório, ele apresentou contradições e acabou confessando o crime, revelando detalhes dos assassinatos e da participação dos adolescentes cúmplices, de 15 e 17 anos.
Segundo a delegada Marcela Smolenaars, o crime foi premeditado e teve como motivação o fato de o bebê ser fruto de uma relação anterior entre o líder religioso e a jovem, iniciada quando ela ainda era menor de idade. A esposa dele, tomada por ciúmes e temendo que a revelação do caso comprometesse a posição do marido na comunidade religiosa, também teria incentivado e participado da execução.
“Não é a religião que está por trás da motivação. Existia um líder religioso que praticou, tinha uma situação de relacionamento íntimo, um bebê, um filho fora do casamento, um cenário de ciúmes, um cenário de manter a aparência como líder religioso e aí sim a prática de um crime para proteger aquilo”, afirma o delegado regional Cristiano Reschke
De acordo com os depoimentos, a jovem e o adolescente, que era seu amigo e também frequentador da casa do líder religioso, foram mortos a facadas. A mulher confessou ter esfaqueado a jovem, enquanto o homem atacou o adolescente. Não há confirmação se o bebê foi morto antes ou após ser lançado sobre os corpos das duas vítimas, que foram jogadas em um buraco coberto com galhos e madeira às margens do Rio Sinos, em uma área isolada do município. A causa da morte do bebê será esclarecida por perícia do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Após os homicídios, os corpos foram transportados no carro do casal, com a ajuda dos dois adolescentes, até o local onde foram descartados. O veículo passou por perícia. O Corpo de Bombeiros auxiliou na retirada dos corpos, encontrados ao final da tarde da terça-feira, em um bueiro próximo a uma fábrica, em meio à vegetação.
A repercussão do crime gerou revolta na comunidade. Após a divulgação dos fatos, moradores incendiaram a residência do casal. Temendo represálias, a mulher se apresentou espontaneamente na delegacia com a filha do casal, de apenas quatro anos, e assumiu a participação nos assassinatos.
Segundo a delegada Marcela Smolenaars, a jovem foi vítima de feminicídio triplamente qualificado: cometido com crueldade, por emboscada e na presença do filho, além de ter sido praticado para ocultar outro crime no caso, a violência sexual mediante fraude que resultou na gravidez. O adolescente e o bebê foram mortos em homicídios quadruplamente qualificados. A delegada também apontou que há indícios de corrupção de menores, uma vez que os dois adolescentes auxiliaram na ocultação dos corpos. A participação deles segue sendo apurada no inquérito.
Os adultos foram autuados em flagrante e tiveram a prisão cautelar solicitada. Os adolescentes foram apreendidos e devem ser responsabilizados conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
A Delegacia de Polícia de Esteio segue investigando o caso, com apoio do Ministério Público e do Poder Judiciário, para garantir a responsabilização de todos os envolvidos.
Reportagem: Redação
Grupo Planalto de Comunicação