A renda média real domiciliar das famílias brasileiras recuou cerca de 2,8% entre 2010 e 2025, segundo levantamento da Cortex publicado pela coluna Radar Econômico, da revista VEJA. Em valores atualizados, a média passou de R$ 5.638,18 em 2010 para R$ 5.480,76 neste ano. Apesar da variação modesta, o título da publicação apontou uma queda de 28%, possivelmente referindo-se a recortes específicos da população ou metodologias diferenciadas de projeção.
A desaceleração do crescimento da renda, combinada ao aumento do número de domicílios e à inflação acumulada, afetou diretamente o poder de compra das famílias. A situação é mais grave entre os mais pobres. Dados da FGV/IBRE mostram que, entre 2012 e 2019, os 10% mais ricos viram sua renda crescer 8,5%, enquanto os 40% mais pobres sofreram uma retração de 14%. Em 2023, o 1% mais rico recebia, em média, 39 vezes mais que os 40% mais pobres.
A crise econômica de 2015-2016 contribuiu para uma retração histórica do consumo das famílias. A partir dali, mudanças no comportamento de compra e o aumento do endividamento se tornaram tendência. Em maio de 2024, o nível de endividamento das famílias chegou a 47,5%, com 25,7% da renda comprometida com dívidas, principalmente de caráter periférico, como cartões e crédito pessoal.
Mesmo com os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil, os efeitos de amortecimento da crise não foram suficientes para promover uma recuperação equitativa. A desigualdade estrutural, somada à estagnação salarial, impediu que as famílias de renda mais baixa tivessem ganhos reais no período.
A análise do cenário revela que, embora a renda média real tenha encolhido de forma moderada no total, a queda foi significativamente mais sentida pelos mais pobres — com maior vulnerabilidade frente à inflação, à instabilidade econômica e à ausência de mecanismos de proteção de longo prazo.
Reportagem: Redação
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