No Hospital de Clínicas de Passo Fundo, um assistente virtual tem auxiliado os pacientes e familiares na compreensão de dúvidas sobre as medicações. O farmacêutico residente em Atenção ao Câncer UPF/HC/SMS, Otávio Castro foi o responsável pela criação de um chatbot, aproximando cuidado farmacêutico dos pacientes.
A ferramenta recebeu o nome de Relaty e é definida pela equipe como uma ferramenta digital pensada para estender o cuidado farmacêutico ao ambiente domiciliar, aproveitando a tecnologia para promover segurança, adesão e escuta ativa do paciente.
Otávio explica como o Relaty otimiza o trabalho da equipe farmacêutica. “O Relaty atua como um assistente virtual que automatiza e organiza a comunicação com os pacientes em tratamento oncológico, especialmente aqueles que utilizam medicamentos orais. Ele responde dúvidas frequentes, orienta sobre o uso correto dos medicamentos, reforça a adesão ao tratamento e coleta relatos de efeitos adversos de forma estruturada.”
Tornar as informações sobre os medicamentos acessíveis aos pacientes e familiares é fundamental para a efetividade do tratamento, especialmente em casos oncológicos. Ao escanear um QRCode entregue junto aos medicamentos, o paciente pode iniciar uma conversa com o assistente virtual a qualquer momento.
“O Relaty funciona como um canal contínuo de acompanhamento, mesmo fora do ambiente hospitalar, promovendo uma assistência mais humanizada e segura o que também contribui para a tomada de decisões mais rápidas e embasadas.” complementa o residente.
Esta ferramenta também cria uma base de dados, importante para que os profissionais da saúde acompanhem os pacientes e otimizem o trabalho desenvolvido na farmácia oncológica.
“O Relaty permite que o paciente tenha acesso a orientações farmacêuticas claras, seguras e acessíveis 24 horas por dia, promovendo autonomia e reduzindo riscos relacionados ao uso incorreto de medicamentos. Na rotina da equipe, há uma redução da sobrecarga de atendimentos repetitivos, como dúvidas sobre posologia, interações e efeitos esperados. Isso nos permite direcionar melhor o tempo da equipe farmacêutica para os casos que realmente demandam avaliação clínica.” explica Otávio.
Os pacientes e familiares aprovaram a iniciativa, que, em sua fase inicial, incluiu 88 pessoas. “Noventa e três por cento dos pacientes interagiram ativamente com o assistente, e boa parte relatou que o Relaty os ajudou com dúvidas sobre os medicamentos e a entender os efeitos esperados. Além disso, muitos acompanhantes relataram maior segurança em apoiar o paciente durante o tratamento, especialmente quando há dificuldade de contato com a equipe nos fins de semana ou à noite.”
Assim, o cuidado com o tratamento se estende a quando o paciente está em casa. “A ideia surgiu da vivência na farmácia oncológica, onde percebemos que muitos eventos adversos, falhas de adesão e dúvidas importantes aconteciam em casa e não eram comunicados de forma adequada à equipe da farmácia.” complementa Otávio.
O farmacêutico enfatiza ainda que o sistema foi planejado pensando nas necessidades do paciente. “O Relaty não é apenas uma ferramenta de automação, mas sim um modelo de cuidado digital centrado no paciente, validado dentro da realidade do SUS. Ele foi construído com base em escuta ativa dos profissionais e dos próprios pacientes e com linguagem acessível.” finaliza Otávio.