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Debate na UPF aponta dados e causas da violência contra a mulher em Passo Fundo

Os números relacionados à violência contra a mulher revelam uma realidade preocupante. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU) as mulheres entre 15 e 44 anos correm mais risco de sofrer estupro ou violência doméstica do que morrer de câncer, acidente de trânsito ou de outras causas. Aliado a isso, o fato de Passo Fundo ser considerada a segunda cidade no Estado com maior número de registros de mulheres vítimas de violência, motivou a Liga Acadêmica de Medicina Legal das faculdades de Medicina e Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF) a promover uma mesa-redonda sobre o tema. A atividade aconteceu na noite de quarta-feira (23/04), no Anfiteatro da Faculdade de Medicina, Campus II da UPF.

A coordenadora do Projur-Mulher, projeto de extensão da UPF, Viviane Candeia Paz foi uma das debatedoras. Além de apresentar o trabalho do Projur, ela destacou alguns dados do projeto. No ano passado, segundo a professora, foram atendidas 194 mulheres vítimas de violência. Neste ano, desde o mês de março, já são aproximadamente 50 atendimentos. De acordo com ela, dos casos atendidos, a maioria das agressões aconteceu após o agressor ingerir bebidas alcoólicas ou outras substâncias. As mulheres agredidas, na maioria, não trabalham e dependem financeiramente dos companheiros. Aliado a isso, o número de filhos é outro fator que faz com que a maioria delas se reconcilie com o agressor. “A maioria delas volta a conviver com os agressores e muitas já passaram pela casa de acolhimento mais de uma vez”, observou.

O mediador do debate foi o diretor técnico do Hospital da Cidade e professor da UPF, médico Juarez Dal Vesco. Durante a abertura, ele apresentou os dados da ONU e da Organização Mundial da Saúde. Segundo Dal Vesco, cerca de 70% das mulheres sofrem ou sofrerão algum tipo de violência durante a vida e o índice de violência praticada pelo parceiro íntimo das mulheres varia nos países mais e menos desenvolvidos de 6% a 59%. “Metade das mulheres vítimas de homicídio são mortas pelo parceiro”, acrescentou.

O debate contou ainda com a participação do juiz da Vara da Infância e Juventude Dalmir Franklin de Oliveira Júnior, a médica ginecologista Karen Oppermann Lisboa e a delegada da Delegacia para a Mulher Cláudia da Rocha Crusius.

Liga
O professor e um dos coordenadores da Liga Acadêmica de Medicina Legal, Renato Donadussi Pádua, destacou que a violência contra a mulher é um problema que preocupa toda a sociedade, por isso deve ser debatido e combatido. “Para que isso aconteça, é preciso que se conheça o que ocorre e as medidas preventivas que podem ser tomadas para combater esse mal que está em nossa sociedade”, enfatizou. De acordo com ele, quando as pessoas procuram um Departamento Médico Legal, elas já foram vítimas de alguma violência, e o papel do médico é fundamental para a realização de um bom exame pericial que auxiliará o processo judicial.

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