Os tumores na hipófise representam 10% de todos os tumores intracranianos, estimativas indicam que 20% da população apresente este tipo de lesão. A retirada destes tumores ocorre através de intervenção cirúrgica transcraniana ou transesfenoidal
A técnica transesfenoidal é uma técnica menos invasiva, pois utiliza a cavidade nasal e os seios paranasais como corredor cirúrgico. “As principais vantagens da via transesfenoidal são o acesso direto à localização da glândula, sem a manipulação do tecido cerebral, minimizando a chance de dano neurológico. Este acesso endoscópico é realizado por duas equipes: uma de otorrinolaringologia (responsável pela etapa intranasal do procedimento) e uma neurocirúrgica (responsável pela remoção do tumor). Também é fundamental o acompanhamento endocrinológico e oftalmológico antes e depois do procedimento.” explica o neurocirurgião do Hospital da Cidade, Paulo Mesquita Filho.
No Hospital da Cidade a técnica é realizada em conjunto pela equipe de neurocirurgia e otorrinolaringologia. “No HC, fizemos o primeiro caso de microcirurgia endonasal endoscópica para tumores da glândula hipófise em março deste ano. Até agora realizamos 3 casos, porém a lista já conta com mais de 20 em espera. Este método já é mundialmente consagrado principalmente por ser um método menos invasivo que o tradicional (ausência de qualquer cicatriz na face ou crânio), melhorar o grau de ressecção destas lesões e menor tempo de recuperação pós-operatória.” destaca o neurocirurgião. Integram a equipe para a realização destes procedimentos cirúrgicos, os neurocirurgiões Paulo Mesquita Filho e Leonardo Frighetto, o médico otorrinolaringologista Fábio Pires Santos, além de equipe de residência médica em neurocirurgia.
Diagnóstico precoce e tratamento
O diagnóstico precoce destes tumores também tem influencia no sucesso do tratamento, o neurocirurgião ressalta que as novas tecnologias de diagnóstico são aliadas neste processo “o uso da ressonância nuclear magnética aumentou muito a sensibilidade para detecção destas lesões, e tornou o diagnóstico mais precoce. Geralmente, quanto mais precocemente a lesão for detectada, esta tende a ser menor, aumentando a chance de resolução dos sintomas, tanto decorrentes da secreção hormonal exagerada, quanto da compressão de estruturas neurológicas, como o aparato visual”
A chance de recidiva da doença também diminui nos casos de intervenção cirúrgica transesfenoidal, conforme explica o neurocirurgião do HC, Paulo Mesquita Filho “O grau de ressecção, assim como o tamanho da lesão e o tipo histológico do tumor são determinantes para um bom resultado cirúrgico e menor chance de recidiva da doença. Com o advento da cirurgia endonasal endoscópica para o acesso transesfenoidal, a visualização do campo operatório é muito melhor, o que geralmente permite um maior grau de ressecção.” ressalta.
Entenda a importância da hipófise
A glândula hipófise é uma glândula pequena (tamanho de uma castanha), localizada na base do crânio, entre as duas artérias carótidas e logo abaixo dos nervos ópticos (responsáveis pela visão). É uma glândula chave do organismo, pois seus hormônios regulam muitas das demais glândulas do corpo (tireóide, adrenais, testículos, ovários), auxilia no controle do balanço hídrico do organismo, além de ter papel-chave no aleitamento materno e mecanismo do parto. Os tumores desta glândula podem trazer sintomas tanto por seu efeito compressivo – perda visual, principalmente – assim como por secreção aumentada de seus hormônios a partir das células tumorais, o que pode trazer sérias complicações sistêmicas pelo excesso hormonal (infertilidade, hipertireoidismo, acromegalia).