Deixamos Recife ontem cedo e seguimos viagem rumo a Bezerros, cidade situada a cerca de 100 quilômetros da capital pernambucana, com destaque especial para o distrito de Serra Negra, um dos pontos mais belos da região pela sua localização geográfica. Bezerros é uma cidade de pequeno porte, com ruas estreitas, mas que guarda viva a essência do forró e das tradições populares, como as festas de São João, preservadas com orgulho e devoção.
Mas antes de contar sobre essa etapa, preciso voltar ao domingo, quando vivemos momentos muito especiais. O dia começou com um almoço de integração junto à equipe do CTG Rincão dos Guararapes, sob o comando da patroa Silvana Mozzini e de seu esposo Osmar, com apoio do coordenador do MTG Nordeste, o amigo José Luiz Schuedda, paranaense que há muitos anos fez do Nordeste a sua querência. Foi uma confraternização que reforçou os laços da cultura gaúcha com os tradicionalistas espalhados pelo Brasil.
Na parte da tarde, visitamos a sempre encantadora Olinda. Reza a tradição que, no século XVI, o português Duarte Coelho Pereira, ao subir no morro mais alto para observar os inimigos, teria exclamado: “ó linda”. Dali nasceu o nome da cidade, que foi a primeira capital de Pernambuco. Suas ruas do centro antigo são ladeadas por casas e construções que datam dos séculos XVII e XVIII, algumas bem preservadas, outras nem tanto, revelando o contraste entre a história e os desafios da preservação. São 39 igrejas ao todo, sendo a mais famosa a Catedral da Sé, ponto obrigatório dos turistas que, do alto do morro, avistam Recife em toda a sua beleza. Além da história, Olinda também encanta pelo seu rico artesanato local, expressão forte da identidade nordestina.
Ontem, já em Bezerros, apresentamos o projeto ao povo da cidade, em uma tarde de acolhida e emoção. A organização esteve a cargo do amigo Fábio Montenegro, pernambucano que, ao conhecer um CTG na Serra Gaúcha, deixou-se conquistar pela tradição rio-grandense. Desde então, já voltou várias vezes a Porto Alegre para participar de eventos tradicionalistas e da Cavalgada da Costa Doce. A apresentação ocorreu no Mercado Barra Branca, um espaço aconchegante, onde fomos aplaudidos de pé pelo público, que reconheceu na cultura gaúcha uma tradição irmã do Nordeste. Fábio, inclusive, está construindo um espaço dedicado exclusivamente ao culto das tradições gaúchas em Pernambuco.
Agora, estrada novamente. O destino é Petrolina, também em Pernambuco, onde muitos gaúchos fixaram morada e ajudaram a transformar a região em uma potência agrícola. A cidade é conhecida pela forte produção de uvas, com três safras a cada dois anos, pelas vinícolas premiadas internacionalmente e pela expressiva exportação de mangas.
Seguimos firmes na missão de espalhar a cultura gaúcha por onde passamos, ao mesmo tempo em que levamos conosco um pedaço das tradições regionais que encontramos em cada cidade. Afinal, o Brasil é grande porque carrega em sua diversidade a força de um povo que preserva e celebra suas raízes.
Por Dilerman Zanchet