Setembro é o segundo período do ano com maior consumo de carvão vegetal no Rio Grande do Sul. O crescimento médio nas vendas chega a 30%, impulsionado pelas comemorações da Semana Farroupilha, quando o churrasco se torna tradição nos piquetes do Acampamento Farroupilha e em confraternizações por todo o estado.
No Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, os assadores seguem em ritmo acelerado.
“Tem churrasco todo dia, da manhã até a noite, até o dia 21. Preparamos entre 25 e 30 costelões por dia. Já passamos de meia tonelada de carne assada”, contou William San Martin, que comanda uma das churrasqueiras no local.
O consumo de carvão também chama atenção.
“Usamos entre 8 e 9 sacos grandes de carvão por dia, mas varia conforme o vento. Se venta mais, consome mais. O carvão é para a brasa, e a lenha usamos para defumar e dar o sabor especial ao churrasco”, explicou William.
Entre os frequentadores do acampamento, o estoque de carvão precisa ser reforçado com frequência.
“Quem faz o churrasco é o fogo. A gente só vira o espeto. E por mais que a gente calcule, sempre falta carvão”, brincou o administrador Bernardo Viterbo.
A alta demanda movimenta diretamente as indústrias de Brochier, no Vale do Caí, município conhecido como a capital do carvão vegetal no estado. A cidade concentra 22 empresas do setor, e uma delas chega a embalar, em média, 400 toneladas de carvão por mês.
Segundo João Roque da Rosa, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Brochier, a modernização das estruturas de produção trouxe avanços importantes.
“Foram instaladas chaminés nos fornos para reduzir a emissão de gases. Isso gerou um aumento na qualidade do produto e um ganho de até 40% na renda dos produtores”, destacou.
Atualmente, o setor reúne 1.358 produtores no estado. Parte do carvão abastece o mercado interno do Rio Grande do Sul, enquanto outra parte é distribuída para outros estados e até exportada.
“Vai para o litoral, para redes de supermercados, para o Paraná, Santa Catarina e até para os Estados Unidos, chegando em cidades como Nova Jersey e Los Angeles. É um setor em crescimento”, afirmou Valmor Griebeler, presidente da Associação dos Produtores e Empacotadores de Carvão Vegetal do RS.
Além de setembro, outro pico de consumo acontece no fim do ano, quando a demanda dobra no Natal e no Ano Novo. Para atender o mercado nesse período, as indústrias já começam a se preparar com até seis meses de antecedência.