O Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking global de juros reais após a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Com a elevação da taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano, o juro real brasileiro, aquele que desconta a inflação esperada para os próximos 12 meses, foi calculado em 9,53% ao ano, segundo levantamento da consultoria MoneYou.
O país agora só fica atrás da Turquia no ranking internacional. Os juros reais brasileiros estão muito acima da média global e refletem a postura do Banco Central diante das incertezas econômicas, da resistência inflacionária e das expectativas do mercado financeiro. A decisão do Copom teve como principal justificativa a necessidade de manter a inflação dentro das metas estabelecidas para os próximos anos.
A alta nos juros reais tem efeitos diretos sobre a economia. Por um lado, torna o Brasil mais atrativo para investidores estrangeiros interessados em títulos públicos, devido ao alto retorno. Por outro, encarece o crédito para empresas e consumidores, freia o consumo, desestimula o investimento produtivo e dificulta a retomada do crescimento econômico.
O elevado juro real também impacta diretamente a dívida pública, já que o custo do financiamento do Estado aumenta. Economistas alertam que, embora os juros altos sejam uma ferramenta importante para o controle da inflação, seu uso prolongado pode agravar a desaceleração da economia e aumentar o desemprego.
A nova posição do Brasil no ranking reforça o debate sobre os limites e consequências da política monetária atual. Especialistas defendem que, além da taxa de juros, o país precisa avançar em credibilidade fiscal e em medidas estruturais para que a política econômica possa operar com maior equilíbrio entre controle da inflação e estímulo ao crescimento.