No Brasil, mais de 50 mil pessoas aguardam ansiosamente por uma ligação que pode mudar suas vidas para sempre: a confirmação de que foi encontrado um doador. Essa espera, no entanto, pode durar mais de 18 meses, dependendo do órgão necessário. Por isso, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o tema, setembro é o mês da campanha Setembro Verde, que também inclui o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro.
Um doador pode salvar até oito vidas
Você sabia que um único doador de órgãos pode salvar até oito pessoas e representar, no total, até 120 anos de vida? O cálculo é usado para ilustrar o impacto desse gesto, conforme explica o médico Cassiano Ughini Crusius, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO 4) do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo. “Se somar, um único doador pode representar até 120 anos. Por isso, trabalhamos diariamente para sensibilizar as pessoas a manifestarem, em vida, o desejo de doar. O impacto desse gesto é imensurável”, afirma.
O diagnóstico de morte encefálica, condição necessária para a doação, segue um protocolo rigoroso. “Na primeira etapa, um médico avalia seis reflexos neurológicos. Uma hora depois, outro profissional repete o exame clínico. Por fim, um exame de imagem confirma a ausência de atividade cerebral. Ou seja, quando o diagnóstico é feito, não há possibilidade de reversão”, detalha o especialista.
Apesar disso, o número de doações ainda poderia ser maior. Dr. Cassiano destaca que cerca de metade das famílias recusa a autorização para o procedimento. Na OPO 4, das 76 notificações de morte encefálica registradas entre janeiro e agosto deste ano, apenas 18 doações foram efetivadas. “Muitos pacientes têm condições de doar, mas a família nega, muitas vezes por medo ou por falta de informação. Hoje, as negativas chegam a 50%”, observa.
Para ele, a comunicação com a família é fundamental. “A decisão precisa ser conversada em vida. Costumo dizer que a doação não faz bem apenas para quem recebe, mas também para os familiares que autorizam o gesto. Por isso, é essencial comunicar à família a sua vontade de ser doador”, conclui Dr. Cassiano.
Centro Transplantador de Órgãos e Tecidos
Com a Organização de Procura de Órgãos (OPO 4) e a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), o Hospital São Vicente de Paulo é certificado como Centro Transplantador de Órgãos e Tecidos. A Instituição realiza transplantes de rim, fígado, córnea e tecido musculoesquelético e presta assistência especializada aos pacientes, desde a avaliação inicial, passando pelo transplante até o acompanhamento pós-transplante. Além da busca de potenciais doadores, as equipes multiprofissionais acompanham as famílias, organizam as listas de espera e acompanham os pacientes transplantados.