A engenheira química e de alimentos Taiana França, formada pela Universidade de Passo Fundo e gerente de qualidade em uma empresa do setor de bebidas em Santa Catarina, explicou os riscos da presença de metanol em bebidas alcoólicas e alertou sobre práticas fraudulentas que têm causado intoxicações em diferentes estados brasileiros.
Em entrevista ao programa Na Ordem do Dia com João Altair, Taiana destacou que o metanol é um álcool de uso industrial que, quando adicionado de forma irregular às bebidas, se torna altamente tóxico. “A diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade”, afirmou, reforçando que pequenas concentrações podem estar presentes em alguns produtos alimentícios sem representar risco, mas o uso indevido para aumentar volume de produção configura uma fraude alimentar conhecida como food fraud.
Ela também esclareceu a diferença entre etanol e metanol — ambos pertencem à mesma família química, mas com composições diferentes. “O etanol é o álcool presente nas bebidas, já o metanol é usado para fins industriais. Quando ultrapassa o limite permitido, causa danos severos ao fígado, ao sistema nervoso e pode levar à cegueira ou à morte”, explicou.
A engenheira alertou que o consumo seguro depende da procedência e da integridade das embalagens. “Se o preço estiver muito abaixo do mercado ou o lacre da garrafa apresentar sinais de violação, é preciso desconfiar. Prefira marcas conhecidas e estabelecimentos de confiança”, recomendou.
Sobre o controle da substância, Taiana defendeu maior rastreabilidade e fiscalização na comercialização do metanol. “O Brasil ainda tem risco médio a alto de fraude alimentar. É preciso saber quanto cada indústria produz, para onde vai e qual é o destino desse material”, afirmou.
A especialista também reforçou que bebidas artesanais, como cachaças produzidas de forma tradicional, não oferecem risco se fabricadas corretamente, sem adição de conservantes indevidos. “Quando a produção é limpa, com controle e responsabilidade, os níveis de metanol são muito baixos e não causam dano”, concluiu.











