Na noite deste domingo (23), o Judiciário de Passo Fundo decidiu conceder liberdade provisória a Misael Camargo, investigado pelo ataque que resultou na morte de Greice Keli Marquês, de 38 anos, e deixou outras duas pessoas gravemente feridas no bairro Operária. A decisão foi tomada mesmo diante da extrema violência do caso. O juiz negou o pedido de prisão preventiva apresentado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público porque considerou que, no momento, não existe risco concreto e contemporâneo de fuga ou reiteração criminosa, já que Misael está em estado crítico, sedado, intubado, imobilizado e sem qualquer capacidade de locomoção no Hospital.
Segundo o documento obtido com exclusividade pela reportagen da Rádio Planalto News, o magistrado avaliou que a condição clínica do suspeito impede qualquer possibilidade imediata de fuga ou de novos atos violentos. Por estar hospitalizado em cuidados intensivos e totalmente incapaz de se deslocar, o juiz entendeu que a prisão preventiva, neste momento, não teria efeito prático, podendo ser reavaliada assim que houver melhora no quadro de saúde.
O despacho deixa claro que a concessão da liberdade provisória não representa abrandamento da gravidade dos fatos nem impede que a prisão preventiva seja decretada mais adiante. Por isso, o magistrado determinou que o Hospital comunique imediatamente ao Judiciário qualquer evolução clínica antes de eventual alta, permitindo nova análise do risco que o investigado pode representar quando recuperar mobilidade.
O documento também revela a reconstrução detalhada do ataque. A investigação aponta que, por volta das 20h50min de sábado (22), Misael teria tentado roubar a motocicleta de um motoboy identificado pelas iniciais F. R. D. A ação, cometida com uma faca de cerca de 18 centímetros, não se consumou. Na sequência, durante a fuga, ele encontrou Greice Keli Marquês e sua irmã, identificada pelas iniciais M. M. M. A., que caminhavam acompanhadas de uma adolescente de 15 anos e de uma criança de 8. O suspeito atacou as duas mulheres com golpes de faca. Greice morreu no Hospital São Vicente de Paulo logo após dar entrada na emergência.
O ataque continuou quando um motoboy identificado pelas iniciais M. G. M. tentou intervir. Ele foi golpeado no pescoço e no ombro. Misael foi contido por moradores até a chegada da Brigada Militar e sofreu ferimentos graves na cabeça durante a contenção, o que contribuiu para seu estado clínico atual.
O juiz reconheceu, no despacho, que há fortes indícios de autoria e materialidade, além de elevada periculosidade. Também mencionou que a sequência dos fatos pode, em tese, se enquadrar como latrocínio, já que os ataques ocorreram logo após a tentativa de roubo. Ainda assim, destacou que a legislação exige risco atual e demonstrável para justificar prisão preventiva, o que não se verifica enquanto o suspeito permanece totalmente incapaz de se mover.
A decisão ainda determina que a Brigada Militar informe, em até cinco dias, se houve diligências para apurar como Misael sofreu os ferimentos graves durante a contenção. A Polícia Civil deve considerar esses elementos na investigação.
Em nota oficial, a Brigada Militar afirmou que cumpriu integralmente sua missão durante o ataque do dia 22 de novembro, interrompendo a ação criminosa, prendendo Misael Camargo em flagrante e apresentando todas as provas à Polícia Civil. A corporação destacou que o suspeito possui um histórico criminal extenso, marcado por violência ao longo de mais de duas décadas, com diversas prisões, fugas e reincidências. A Brigada Militar manifestou preocupação institucional com a liberdade provisória concedida pela Justiça, citando a gravidade dos crimes, o risco contínuo à comunidade e o impacto na sensação de segurança da população. A corporação reforçou que seguirá intensificando ações e permanece comprometida com a proteção da sociedade.
As medidas cautelares impostas passam a valer apenas quando houver eventual alta hospitalar. Misael deverá comparecer a todos os atos do processo, comunicar mudança de endereço, não sair da comarca sem autorização judicial e manter distância mínima de 300 metros das vítimas sobreviventes e familiares.
Reportagem: Jeferson Vargas
Grupo Planalto de Comunicação











