Grupo Planalto de comunicação

Estejamos preparados O Senhor vai chegar!

Pe. Ari Antonio dos Reis

Iniciamos neste domingo a peregrinação do Advento, em preparação para o Natal do Senhor. Fazemos este percurso na fé inspirados pela proposta do Ano Jubilar, a celebração dos 2025 anos do nascimento do Senhor, o Verbo encarnado de Deus.  O Tempo do Advento demarca o início de um novo ciclo litúrgico que reserva uma importância especial para todos os cristãos. A marca especial deste tempo é a expectativa esperançosa pela primeira vinda do Senhor que sugere uma espiritualidade especial vivenciada individualmente, na família e na comunidade.

O melhor modo de vivenciar a espiritualidade do Advento é olhar para uma mulher grávida: todo o seu ser vai se transformando em vista da esperança que carrega. A sua família vive um clima novo por causa do ser que palpita e que vai nascer (cf. José Bortolini p. 11). É o Advento motivando a humanidade a olhar para o horizonte e, neste olhar, se renovar na esperança para continuar peregrinando na fé.

Neste primeiro domingo do Advento somos iluminados pelo Evangelho de Mateus (Mt 24,37-44) o companheiro de caminhada no novo ano litúrgico, o ano A. Mateus escreve o Evangelho para as comunidades cristãs de Antioquia, Síria, Pela e Fenícia, sendo a de Antioquia o núcleo mais consistente. Estas comunidades viviam uma realidade difícil depois da expulsão das Sinagogas. Eram perseguidas pelos judeus e também pelo Império Romano. Enfrentavam também dificuldades internas quanto ao testemunho cristão. Os seguidores de Jesus viviam as consequências da opção pela fé cristã e isto não era um processo muito tranquilo. Exigia coragem e discernimento constante.

Para Mateus ser cristão era assumir o discipulado, além da coragem e discernimento permanentes à seriedade e serenidade, apesar dos conflitos, próprios do caminho escolhido, sabendo do sentido da opção.

Mateus também acentua outra premissa, em resposta ao grupo oriundo do judaísmo que por vezes vivia a crise de identidade quanto ao percurso histórico percorrido. Afirma que Jesus não rompe com a tradição judaica, mas veio dar pleno cumprimento à lei mosaica, potencializando a liderança de Moisés. Esta afirmação responde à acusação de que os cristãos seriam traidores do judaísmo. O evangelho foi escrito em torno dos anos 80 d.C, portanto após a queda de Jerusalém. A dúvida que apareceu para a comunidade devido à queda de Jerusalém e que gerou grande comoção na época dizia respeito ao princípio do fim de tudo. Segundo o Evangelista o que terá fim será o mundo das contradições e das injustiças pela instalação do Reino definitivo.

O texto proposto para este domingo assinala que os seguidores de Jesus são convidados a levar a fidelidade ao Mestre até as últimas consequências.

Mateus divide o Evangelho em cinco discursos. O texto refletido no primeiro domingo do Advento é componente do último discurso e abrange os capítulos 24 e 25.

Segundo o texto, Jesus está na cidade de Jerusalém, assim como os seus discípulos e parte da multidão que o acompanhava. Já havia se defrontado com o sistema injusto plantado naquela cidade e seus defensores, especialmente os fariseus e mestres da lei. Jesus orienta os seguidores sobre os tempos futuros.

Não está mais preocupado com seus adversários. Já os havia enfrentado e aguardava o enfrentamento derradeiro. Sua preocupação é com os discípulos, aos quais faz o anúncio da realidade definitiva, o Reino dos Céus. Convida o grupo a olhar para os personagens da História do povo de Deus, aqueles que tiveram sensibilidade de perceber os sinais e aqueles que não tiveram esta sensibilidade. Destaca-se o testemunho de Noé pela sua capacidade de ser justo e compreender os sinais de Deus.

Também provoca a ter atenção aos critérios a serem utilizados no dia esperado. E garante que superam os critérios mundanos. Tudo dependerá da forma como as pessoas agem no mundo segundo estes critérios ligados ao Reino anunciado. Jesus lembra ao grupo dos discípulos a necessidade da vigilância e da atenção, enfrentando o risco das distrações mundanas como atitude de plenificar a participação na missão de Jesus.

Vigiar implica na consciência dos compromissos do discipulado. Supera a vigilância medrosa ou insegura, mas a serenidade de alguém que sabe que está no caminho certo, porque acolheu as prerrogativas do Reino sugeridas pelo Filho de Deus.

Como nos inspira Mateus, possamos viver este tempo do Advento com saudável expectativa, vigilantes a atenciosos a nossa peregrinação na fé. Esperamos algo bom, necessário e importante, o Menino que vem para nos salvar.

Pe. Ari Antonio dos Reis

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