O terceiro domingo do Advento convida a cultivar as virtudes da constância e da paciência (Isaías 35,1-6.10, Salmo 145, Tiago 5,7-10, Mateus 11,2-11). Na Bula do Jubileu 2025 escreveu o Papa Francisco: “Habituamo-nos a querer tudo e a querer agora, em um mundo onde a pressa se tornou uma constante. Já não há tempo para nos encontrarmos e, com frequência, as próprias famílias sentem dificuldade de se reunir e conversar calmamente. A paciência foi posta em fuga pela pressa, causando grave dano às pessoas. Com efeito, sobrevêm a intolerância, o nervosismo e, por vezes, a violência gratuita, gerando insatisfação e isolamento”. A liturgia nos convida a não desesperar na expectativa de um bem que demora para chegar, mas esperá-lo, aliás, a preparar a vinda de Jesus com confiança laboriosa.
São Tiago convida: “Ficai firmes até a vinda do Senhor”. Como o exemplo de paciência cita o agricultor que sabe esperar e respeita os tempos da terra. Ele semeia o campo na estação certa, respeita o tempo da semente e da planta. Sabe que não consegue apressar os tempos do ciclo natural. O agricultor não é fatalista, mas é modelo de alguém que une de modo equilibrado a fé e razão. Por um lado, conhece as leis da natureza e realiza bem o seu trabalho. Por outro lado, confia na providência, porque algumas coisas fundamentais, como a chuva, o sol, os ventos, não estão nas suas mãos, mas nas mãos de Deus. A paciência e a constância são precisamente sínteses entre o compromisso humano e a confiança em Deus.
São Tiago exorta os cristãos a terem a mesma postura do agricultor. Não podem ser apressados e atropelados nos juízos sobre os eventos, as pessoas e nem condicionar o agir de Deus dentro do seu tempo. Nem tudo pertence ao presente, mas é necessário colocar as próprias ações e esperanças no tempo de Deus, com a certeza que a sua promessa não decepciona.
O santo Evangelho revela o agir eficaz de Deus nas pequenas coisas. João Batista está preso devido a sua dedicação de anunciar a vinda próxima de Jesus Cristo e por exortar à conversão. Na prisão escuta falar de Cristo, mas tem dúvidas se é o Messias esperado. Envia mensageiros com esta pergunta: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” Jesus responde dizendo que João Batista deve avaliar o que ele está anunciando e prestar atenção nas ações que está realizando junto aos marginalizados da sociedade. Segundo as profecias estas são as características do Messias prometido.
Nos últimos séculos muitos questionaram se os ensinamentos e as ações de Jesus teriam potencial de mudar o mundo. O seu método não deveria ser mais pragmático? Outros negam que Jesus e seus ensinamentos sejam capazes de provocar mudanças. Cristo é substituído pelos questionadores que se apresentam como “novos messias”. Alguns deles criaram impérios, ditaduras, totalitarismos, formularam teorias filosóficas, sociológicas e econômicas como meios eficazes de mudanças salvadoras. Muitas delas aconteceram, mas de modo destruidor. Hoje sabemos que destas grandes promessas só permaneceu um grande vazio e muita destruição. A história mostrou que não eram os salvadores que queriam substituir Jesus Cristo.
Às vésperas do Natal cabe novamente perguntar a Jesus Cristo: “És tu?” Jesus nos responderá de modo silencioso, como lhe é próprio: “Vede o que Eu fiz. Não realizei uma revolução cruenta, não mudei o mundo com a força, mas acendi tantas luzes que formam, entretanto, um grande caminho de luzes nos milênios”. Na resposta dada a João Batista e a nós fica claro que não é a revolução violenta e grandes promessas que mudam o mundo, mas é a luz silenciosa da verdade, da fraternidade, da paz e a bondade de Deus que geram salvação.
O profeta Isaías convida a alegrar-se por causa da proximidade de Deus. Ele está próximo, mas muitas vezes nós estamos distantes. Aproximemo-nos, vamos à presença da sua luz, participemos das celebrações litúrgicas, rezemos ao senhor. Esta proximidade também nós nos tornará luz para os outros.
Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo










