Atualmente, vivemos uma nova crise do petróleo. Uma crise interna. Preços disparados. Custo de produção elevado. Caminhoneiros, com suas atividades sendo inviabilizadas, fazem piquetes em rodovias de todo o Brasil. E com razão. Para uma carreta rodar 2 km precisa de R$ 3,00. Isso mesmo. Em alguns postos o custo desse combustível é de R$ 3,00 e com um litro o pesado veículo roda dois mil metros. Para ir e voltar de Passo Fundo a Porto Alegre, gasta R$ 900,00. É um horror. Nos Estados Unidos o preço do litro da gasolina equivale a R$ 1,50. No Paraguai, que não tem petróleo, o preço é 40% menor que no Brasil.
O motivo da crise dessa vez é bem diferente. Houve uma combinação de interesse político eleitoreiro e de corrupção na companhia extratora. Os preços ficaram congelados por dois anos. O aumento represado. Não interessava ao governo realinhar preços para não sofrer desgaste político. Para não perder votos. Tanto é que bastou terminar a eleição para disparar o gatilho dos combustíveis, bem como para cortar programas sociais, diga-se bem, alguns necessários. Some-se a isso o rombo bilionário derivado da roubalheira estabelecida na Petrobras. É o escândalo de corrupção mais escancarado que já se viu. Só faltou criarem uma cláusula nos contratos da companhia com as empreiteiras estabelecendo claramente propina de 3% para o PT, PMDB e PP. A companhia que figurava entre as 20 maiores do mundo, em pouco tempo viu seu valor se perder e hoje está longe de ser a centésima maior empresa mundial. Com os investidores fugindo do país em ritmo de fórmula 1, e sendo empresa monopolista, ou seja, não tem concorrente, um dos mecanismos de socorro é o aumento de preços diretos e de impostos. O consumidor não tem alternativa, ou compra da Petrobras ou fica sem o produto.
O bairrismo varguista impregnado no seio brasileiro, porque nem mesmo os políticos de direita querem abrir mão do monopólio do petróleo nas mãos da Petrobras, com medo dos ativistas de esquerda, é um agravante nessa conjuntura. No vizinho município de Ernestina há dois postos de combustíveis, um em cada lado da rodovia. Eles duelam nos preços, se um estabelece R$ 3,14 o preço da gasolina, o outro coloca R$ 3,13. Sim, lá os preços eram esses até o fechamento dessa edição. São apenas dois comércios, é um oligopólio com jeito de concorrência perfeita. É justamente o que precisamos no mercado. Se tivéssemos mais que uma empresa operando na extração e distribuição, a eficiência do serviço seria maior, a corrupção por mais que pudesse existir não seria tão impactante e as companhias estariam duelando para produzir com mais eficiência, distribuir a preços mais baratos e os consumidores seriam os maiores beneficiados.
Pelo bairrismo o governo coercitivo também não deixa usar biodiesel puro. O máximo de mistura é 7%, o chamado B7. Prefere o governo exportar soja in natura, desagregar valor, gerar empregos lá fora e engavetar caminhões e navios a partir desse mês, auge da colheita.
Sendo a principal fonte de energia nas rodovias, os altos preços do óleo e da gasolina elevam os preços das passagens de ônibus, do açúcar, do pão e até do frango e ovos que devem subir de 10% a 15% nesse mês de março.