O Brasil comemora no dia 24 de junho o Dia Nacional da Araucária. Símbolo de vitalidade, persistência e força, a espécie de árvore que outrora foi pujante nos campos do sul da América Latina hoje encontra-se enfraquecida, com somente de 3% de sua cobertura original.
No Laboratório de Manejo da Vida Silvestre da Universidade de Passo Fundo (Lamvis/UPF), pesquisas desenvolvidas por professores e acadêmicos no Viveiro de Mudas Nativas garantem a disseminação da espécie na região, especialmente por meio de projetos de preservação e reflorestamento.
A araucária é uma árvore simbólica, tanto por sua arquitetura, quanto pela sua semente. O pinhão, que é utilizado como alimento por diversas espécies de animais, desempenha papel fundamental no manejo da planta.
Recentemente, biólogos, professores e acadêmicos da Universidade se uniram para realizar o plantio de 400 novas mudas de araucárias na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fundação Universidade de Passo Fundo (RPPN/FUPF), com o objetivo de aumentar a produção da espécie e melhorar as condições de vida da fauna silvestre.
Atualmente, o Lamvis conta com aproximadamente 1500 mudas plantadas em diferentes estágios de desenvolvimento, sendo observadas e acompanhadas por alunos e professores envolvidos na pesquisa, a qual busca compreender o desenvolvimento da espécie e garantir o manejo das melhores variedades.
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da UPF, João Pedro Moretti é bolsista de pesquisa no Lamvis e acompanha de perto o desenvolvimento das plantas. “Selecionamos as sementes de árvores matrizes, onde buscamos aquelas com um porte maior, um fruto maior, flor mais bonita, uma semente mais vistosa. Nós selecionamos essas árvores para extrair as sementes e, através disso, a gente colhe essas sementes e traz aqui para o laboratório e fazemos o beneficiamento”, comenta o pesquisador.
Mais 6 mil araucárias serão plantadas nos próximos anos
Além do florestamento com araucárias já realizado no Campus I da UPF, o Lamvis trabalha atualmente com dois projetos com parceiros externos. Atualmente, o mais avançado é realizado junto à Corsan, e prevê o plantio de 400 mudas da árvore na Fazenda da Brigada Militar, às margens da BR-285.
O segundo projeto envolve a Eletrocar, empresa de energia de Carazinho/RS. Ao todo, 6 mil mudas foram encomendadas para serem plantadas pelo Lamvis, que trabalha agora no cultivo das mudas para serem plantadas posteriormente.
Araucária é uma planta milenar que merece atenção
O professor Jaime Martinez, docente da UPF, explica que a araucária é uma espécie milenar: surgiu em torno de 220 a 230 milhões de anos atrás. Originária da Nova Zelândia e da Austrália, o pinheiro se disseminou, à época, pela unificação dos continentes na Pangeia, sobrevivendo até hoje aos climas do sul do continente americano.
Segundo Jaime, além da avaliação e acompanhamento das mudas realizadas pelo Lamvis, a equipe de pesquisadores, juntamente ao Projeto Charão, também monitora os índices de produtividade do pinhão há quase 10 anos a fim de definir se a sazonalidade disseminada popularmente é verídica. “Comenta-se que o pinhão produz bem em um ano, no ano seguinte produz um pouco menos e depois se amplia novamente. Nós queremos entender se isso realmente acontece na natureza”, afirma o professor.
A fauna local também é monitorada. O papagaio Charão, espécie estudada por Jaime, não possui hábitos migratórios, mas passou a apresentar o comportamento justamente por conta do pinhão, que faz parte da sua alimentação. “O papagaio Charão agora migra para Santa Catarina em busca do pinhão para se alimentar. Só essa migração já mostra a nós, gaúchos, que precisamos fazer o dever de casa, e esse dever é ampliar a plantação da araucária em nossas propriedades, principalmente pela sua preservação e pelo rendimento obtido com a venda do pinhão”, finaliza o professor.