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Aviso prévio

Certo homem já havia passado dos cem anos. Vendo a morte chegar, protestou, queixando-se por levá-lo tão precipitadamente, sem aviso prévio e sem conceder-lhe o tempo necessário para deixar em dia todas as contas e os negócios.

– Achas justo, ó morte – dizia ele -, vir assim de repente, sem me avisar com antecedência? Poderia esperar mais um pouco. Minha mulher não quer que eu me vá sem ela. Quero providenciar a herança para um neto; quero também acrescentar mais uma peça à minha casa. Deixa-me viver mais algum tempo.
– Ah, meu velho! – disse-lhe a morte. – Não vim de surpresa. Achas pouco ter vivido mais de cem anos? Nesta cidade hão há ninguém com a tua idade. Também dizes que não te preveni em tempo, para que pudesses preparar-te. Assim encontraria já o teu testamento pronto, teu neto bem colocado e a tua casa concluída.

Não foram avisos claros, quando teus passos se tornaram lentos, quando tua memória começou a falhar, quando a debilidade se apoderou de todo o teu organismo? Perdeste o paladar, a audição e quase a vista. Teus companheiros caíram enfermos. Muitos morreram. Que significa tudo isso se não constantes avisos? Vamos, meu velho, não protestes.

A morte tinha razão. O ancião não se dera conta de que sua hora havia chegado.
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