Em audiência nesta sexta-feira, empresa não aceitou indenizar trabalhadores individualmente
Em mais uma audiência virtual entre o Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul e a Fênix Serviços de Apoio Administrativo, responsável pela contratação de 207 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, em Bento Gonçalves, na Serra, a empresa apresentou documentação comprovando o pagamento das verbas rescisórias aos resgatados, fixadas em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) emergencial firmado na sexta-feira, dia 24.
Durante o encontro, com a participação de procuradores do Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF), força-tarefa especial criada para atuar no caso de Bento Gonçalves reunindo integrantes do MPT na Bahia e no Rio Grande do Sul, a Fênix rejeitou firmar um acordo em torno de pagamento de indenização individual de R$ 600 mil a cada um dos trabalhadores. De acordo com o MPT-RS, a empresa não reconhece que o caso tenha configurado trabalho em condições análogas à escravidão.
Com isso, o MPT mantém a investigação, em um inquérito já em andamento.
Os trabalhadores, 197 deles baianos, foram contratados pela Fênix, que oferecia a mão de obra para vinícolas e produtores rurais da região. O responsável pela terceirizada chegou a ser preso, mas pagou fiança para ser posto em liberdade.
Na semana passada, uma operação conjunta entre Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e MPT-RS resgatou o grupo em pousada na rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves, distante cerca de 15 quilômetros dos vinhedos onde os trabalhadores faziam a colheita.
Seis deles conseguiram fugir e denunciar o caso. De acordo com a denúncia, no momento da contratação, eles recebiam a promessa de alimentação, hospedagem e transporte mas, chegando ao Rio Grande do Sul, eram avisados que tinham de pagar pelo alojamento, já começando em dívida. Além das condições precárias da pousada, os trabalhadores relataram ameaças, agressões e intimidações.
Fonte: Rádio Guaíba