Os mercados financeiros globais enfrentam uma segunda-feira (7) turbulenta em meio à intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Bolsas da Ásia e da Europa registraram quedas expressivas, refletindo o pânico dos investidores diante das novas tarifas impostas por Washington e da retaliação imediata de Pequim.
Na Europa, o índice DAX da Alemanha abriu com queda de 9%, enquanto o FTSE 100 de Londres recuou cerca de 5%. Já os mercados asiáticos tiveram desempenho ainda pior. O Nikkei 225, do Japão, caiu 7,9%, e o Topix recuou 7,7%. A gigante Sony liderou as perdas com desvalorização superior a 10%.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng despencou mais de 13%, no pior dia de negociações desde 1997. Na China continental, o Shanghai Composite caiu 7,3%, e o CSI300 perdeu cerca de 7%. Em Taiwan, o Taiex recuou 9,7%, com grandes nomes como TSMC e Foxconn acionando disjuntores após perdas de cerca de 10%.
Segundo Dilin Wu, estrategista da Pepperstone, a tarifa de 34% imposta pelos EUA sobre produtos chineses impactou diretamente setores como semicondutores e veículos elétricos, desencadeando liquidações em massa e “um pânico generalizado” nos mercados.
A queda global se acentuou após a China anunciar sua própria tarifa de 34% sobre todos os produtos norte-americanos. O governo chinês afirmou estar preparado para enfrentar a pressão, prometendo medidas adicionais se necessário. Um editorial do People’s Daily, porta-voz do Partido Comunista, afirmou que o país está “pronto para lutar e tem muitas contramedidas em mãos”.
Nos Estados Unidos, os futuros das bolsas também operam em forte queda, com o S&P 500 próximo de entrar em território de “bear market”, que indica perdas de 20% em relação ao pico mais recente. Desde a última sexta-feira (4), os mercados globais já perderam mais de US$ 5,4 trilhões em valor de mercado.
Até o ouro, tradicional porto seguro em momentos de crise, recuou mais de 4%, cotado a cerca de US$ 3 mil a onça. O petróleo também foi afetado: o Brent caiu 2,4% e o WTI, 2,5%.
Apesar da forte reação dos mercados, o presidente Donald Trump minimizou os efeitos. Questionado por repórteres a bordo do Air Force One, afirmou: “Nosso país está mais forte do que nunca. O que vai acontecer com o mercado? Não posso dizer.”
Trump disse estar disposto a negociar com a China, mas reforçou que o país asiático precisa “resolver seu superávit” com os EUA. No ano passado, os EUA importaram US$ 438,9 bilhões em produtos chineses e exportaram US$ 143,5 bilhões para o país.
O presidente também afirmou que pretende negociar com a União Europeia e outros países aliados, como Japão e Taiwan. No entanto, líderes mundiais demonstram preocupação. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, declarou que tentará persuadir os EUA a reduzir tarifas, enquanto Taiwan já se comprometeu a comprar mais produtos americanos para tentar amenizar o déficit comercial.
Com o cenário de incertezas, bancos como o Barclays já começaram a revisar para baixo as projeções de crescimento para economias asiáticas.
Com informações da CNN Brasil