A preocupação com os moradores de rua e os encaminhamentos feitos a essa população pelos órgãos responsáveis foram o tema da Audiência Pública realizada na tarde dessa quinta-feira (27), no Plenário da Câmara de Vereadores de Passo Fundo. Proposto pela Mesa Diretora, o evento trouxe a manifestação de parlamentares, representantes do Executivo, forças de segurança pública e entidades.
O presidente do Legislativo, vereador Gio Krug (PSD), abriu os trabalhos lembrando que a audiência pública foi provocada pelo Parlamento tendo em vista o aumento no número de moradores em situação de rua. “As circunstâncias proporcionam o aumento nessa população e a comunidade cobra uma resolução. Este é um problema amplo, que envolve vários setores como a saúde, a assistência social e a segurança, ou seja, é necessária a sintonia de todas as entidades para atender essa demanda”, disse.
Também estiveram presentes os vereadores Cícero Martins (PSD), Cláudio Luiz Rufa Soldá (Progressistas), Diego Milani (PL), Edgar Gomes (PSDB), Edson Nascimento (Progressistas), Felipe Manfrói (PSD), Iriel Sachet (Podemos), Luizinho Valendorf (PSDB) e Ronaldo Rosa (PSD).
Força-tarefa
Representando o Poder Executivo, a secretária de Cidadania e Assistência Social (Semcas), Elenir Chapuis, apresentou dados sobre a realidade dos moradores de rua no país. “Em 2024, houve um aumento de 25% na população de rua no Brasil, em relação a 2023. São diversos fatores que contribuem para isso, como conflitos familiares, transtornos mentais e uso abusivo de álcool e drogas”, revelou.
Elenir destacou que a prefeitura realiza um trabalho de forma contínua no atendimento aos moradores de rua. Segundo ela, as equipes de abordagem da Semcas atuam na construção de vínculos e identificação das pessoas em situação de risco, encaminhando cada uma delas para os serviços da rede de atendimento. Ela explicou que o município dispõe do Centro POP, onde os moradores de rua recebem refeição e podem realizar sua higiene, além da Casa de Passagem, popularmente conhecida como albergue. Em 2024, foram 3500 atendimentos individualizados no Centro POP e mais de 7000 pernoites na Casa de Passagem.
A titular da Semcas detalhou as abordagens realizadas desde o dia 24 pela força-tarefa da prefeitura. “Foi um trabalho para identificar e mapear as pessoas em situação de rua na cidade. Unimos forças com vários segmentos, trabalhando de forma integrada, para fazermos encaminhamentos concretos. Realizamos encontros com equipes da prefeitura, comunidades terapêuticas, secretarias de Saúde e Segurança, CAPS e Brigada Militar. Como resultado, tivemos o acolhimento na Casa de Passagem de 18 pessoas, duas foram encaminhadas ao hospital, houve 12 internações em comunidades terapêuticas, 15 pessoas decidiram voltar para suas cidades de origem e um recolhimento ao sistema prisional, resultando em 47 pessoas que saíram das ruas”, revelou.
Saúde e segurança
O secretário de Saúde de Passo Fundo, Diego Farias, afirmou que o trabalho da abordagem é necessário para o diagnóstico correto da realidade a fim de possibilitar os encaminhamentos necessários. Além disso, a intenção é “desenvolver um trabalho de médio e longo prazo, reintroduzindo as pessoas nas suas famílias, no mercado de trabalho, trazendo de volta a dignidade que ela merece”.
O secretário de Segurança de Passo Fundo, Tadeu Trindade, destacou o atendimento que o município oferece aos moradores de rua. “Estamos, enquanto poder público, agindo de forma efetiva, tratando o assunto com seriedade e com o máximo de humanidade. Durante as abordagens, vimos pessoas que sequer tinham condição de levantar, mas lá havia médica, enfermeiro e assistente social, isso é ter cuidado com as pessoas”, revelou.
O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Planalto da Brigada Militar, coronel Marco Antônio Dos Santos Morais, disse que a demanda da população de rua, em regra, não é um assunto de segurança pública, mas a Brigada Militar está presente no esforço concentrado realizado em Passo Fundo. “Estamos aqui, somos parceiros para auxiliar todas as entidades, em apoio às pessoas que trabalham e tentam dar uma solução para esse problema”, frisou.