Especialista do HSVP reforça a importância da prevenção e tratamento da doença.
O Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, conta com um serviço especializado para o atendimento de doenças hepáticas, desde as formas iniciais até as mais avançadas de apresentação das enfermidades do fígado. A Instituição é, inclusive, a única do interior do Rio Grande do Sul credenciada para realização de transplantes deste órgão.
No entanto, o grande desafio das autoridades de saúde tem sido o de reforçar as ações de vigilância para prevenir novos casos de hepatites virais. Pensando nisso, a Campanha “Julho Amarelo” foi instituída no Brasil para alertar a comunidade sobre a necessidade de controle da doença. Afinal, essas infecções resultam em cerca de 1,4 milhão de mortes no mundo anualmente.
O mês de conscientização também coincide com o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, celebrado no dia 28 de julho. Além disso, recentemente, a Sociedade Brasileira de Hepatologia decidiu tornar a campanha permanente, a fim de promover ações de conscientização durante o ano todo em razão da importância do tema.
O HSVP é um dos parceiros das ações preventivas, pois a hepatite, se não tratada adequadamente, pode levar à necessidade de um transplante de fígado. Neste sentido, a médica gastroenterologista e hepatologista, Lisia Hoppe, nos ajuda a compreender como ocorre a disseminação do vírus e destaca estratégias que são eficazes para evitar a contaminação, entender o diagnóstico e assegurar um tratamento correto.
O que é hepatite e como ocorre a transmissão
Hepatite é um termo amplo utilizado para caracterizar as doenças inflamatórias que ocorrem no fígado e podem ser causadas por diversos motivos, como o uso abusivo de bebidas alcoólicas, medicamentos, fitoterápicos, fatores genéticos ou autoimunes e por agentes virais.
Conforme a especialista, vários são os vírus que podem determinar doenças hepáticas. Dentre eles, os vírus da hepatite A (também chamado de VHA), B (VHB), C (VHC), D (VHD) e E (VHE) são os mais prevalentes e de maior relevância clínica. Esses vírus podem ser transmitidos por contato fecal-oral, como é o caso das hepatites A e E. Já nos casos de hepatites B ou C, a transmissão ocorre por via sexual ou parenteral e pode ter um curso clínico agudo ou desenvolvimento de doença crônica.
“Melhorar as condições sanitárias da população, incentivar o uso de preservativos, desencorajar o consumo de drogas ilícitas e compartilhamento de seringas/utensílios para consumo das mesmas, utilizar equipamentos de proteção individual por profissionais de saúde e promover campanhas de conscientização, orientação e pesquisa ativa por testagem rápida para rastreamento da população são estratégias fundamentais para evitar a transmissão e também identificar casos assintomáticos na população”, ressalta a médica.
Um alerta à evolução silenciosa da doença
As formas agudas costumam se apresentar com quadro inicial de mal estar, dores pelo corpo, seguidos por icterícia (amarelão). Geralmente o período final é de recuperação clínica completa. Entretanto, alguns pacientes podem desenvolver a forma aguda grave, com perda progressiva de função hepática e até mesmo ter a necessidade de um transplante de fígado.
“As formas agudas graves são possíveis de serem registradas com todos os vírus, mas são mais frequentes nas hepatites A e B e em mulheres que se infectam pelo VHE na gestação. O VHA não tem registro de evolução para cronicidade, o que também ocorre na imensa maioria dos pacientes que se infectam pelo VHE, com exceção de gestantes e doentes portadores de disfunção renal crônica”, explica. Por outro lado, as hepatites B e C podem evoluir para as formas crônicas da doença. “Por isso elas determinam maior risco para o desenvolvimento de cirrose, tumores primários de fígado, perda progressiva da função hepática e necessidade de transplante hepático”, complementa a médica Lisia.
A preocupação é que na maioria dos pacientes a fase aguda é anictérica, ou seja, a pele apresenta aspecto normal, além de sintomas leves, o que favorece a evolução silenciosa da doença para as formas mais graves, inclusive levando a perda da função órgão. “A maioria destes pacientes acaba fazendo o diagnóstico de maneira imprevisível quando investigam outras patologias, ou na busca por atendimento quando se evidencia as descompensações hepáticas pela perda da função com o desenvolvimento de ascite, encefalopatia e hemorragia digestiva alta”, alerta.
Os tratamentos existentes
Nos últimos anos houve avanços significativos nos tratamentos das hepatites virais, principalmente da hepatite C. Para esses pacientes o governo brasileiro disponibiliza, de forma gratuita, tratamentos de curta duração, com a negativação da carga viral após doze semanas.
Quanto à hepatite B, esforços para aprimorar as estratégias de tratamento estão em estudo, mas ainda não há cura. Ainda conforme a médica Lisia, tratamentos antivirais altamente efetivos também são fornecidos de forma gratuita pelo governo, capazes de negativar rapidamente a carga viral circulante e eliminar a atividade inflamatória. “Esses tratamentos são altamente efetivos em frear a doença, evitar a progressão para a cirrose, prevenir a ocorrência das complicações e evitar a ocorrência de tumor primário de fígado e a necessidade de transplante hepático”, conclui.
O Hospital São Vicente de Paulo disponibiliza atendimento especializado para acompanhamento de pacientes com hepatites crônicas e cirrose, o que permite fazer o diagnóstico dessas condições clínicas, determinar a adequação e melhor momento para instituir a melhor terapêutica para cada indivíduo, acompanhar a evolução dos casos e tratar as descompensações e complicações.
Créditos: Liliane Ferenci – Comunicação HSVP