Grupo Planalto de comunicação

Caso Gustavo: O aniversário que não chegou Dia 31 de julho o menino Gustavo dos Santos Ribas completaria nove anos de idade.

Arquivo família

Hoje, dia 31 de julho, Gustavo dos Santos Ribas completaria nove anos de vida. Infelizmente, a celebração de mais um ano de vida foi interrompida no dia 18 de junho, quando o menino foi levado ao Hospital Dia da Criança, anexo ao Hospital Beneficente Dr. César Santos, em Passo Fundo, e nunca mais voltou para casa.

O aniversário, 43 dias após o seu falecimento precoce, é uma data ainda mais triste para a família.

“Hoje é um dia muito triste para nós. Nós fomos no cemitério hoje pela manhã, eu levei uns brinquedinhos para ele, levei umas coisinhas que ele gostava de comer. Foi muito triste, sabe?”, disse a mãe, Luciane dos Santos, à Rádio Planalto.

Devido ao abalo emocional e à dificuldade em conseguir ir trabalhar, Luciane acabou perdendo o emprego. O pai, Volnei Ferreira Ribas, está de férias, mas diz que não sabe se conseguirá manter a rotina, pois sofre da mesma forma com as lembranças do filho, especialmente ao lembrar do sofrimento que Gustavo enfrentou nas suas últimas horas de vida.

Confira um trecho da mensagem escrita pelos pais em homenagem ao aniversário do Gustavo:

“Há 9 anos, você chegava ao mundo, meu filho Gustavo dos Santos Ribas, o meu Gu. Exatamente às 12h20, encheu nossas vidas de alegria ao nascer de mim. Neste ano, o Gu havia me dito algumas vezes que queria fazer um almoço na Roselândia e, para o pai dele, disse que queria um touro mecânico.

Nós íamos encontrar uma maneira de fazer isso; eu já estava pensando em como fazer seu bolo, o recheio. Mas o que nunca imaginamos foi que aconteceria essa tragédia que tiraria sua vida, que nos levaria a ficar sem você e que nunca mais poderíamos te ver, te abraçar ou te beijar. Isso dói demais, mano. Sua ausência dói demais. Você é a nossa criança, o nosso “bbzão”, nosso gordinho teimoso.

Como foi possível que três médicas irresponsáveis deram um diagnóstico errado e ceifaram sua vida, tirando seu direito de viver, crescer, tornar-se um adolescente e um homem? Aquele dia 17 de junho foi decisivo em nossas vidas; levou sua vida e virou a nossa de cabeça para baixo. Nada mais faz sentido, nada mais tem graça. A vida é horrível; não conseguimos trabalhar. Pensamos e lembramos de você o dia todo. Não há como aceitar ou se conformar, meu gurizinho. Só nos resta lutar por justiça para você e tentar ajudar outras crianças para que isso não aconteça novamente.

Estou escrevendo em um caderno tudo o que você gosta, o que você fala, os lugares que você gosta de ir, tudo o que eu me lembro, porque não quero esquecer nada sobre você, meu amor. Eu te amo. Que Deus cuide muito bem de você e que você esteja feliz brincando aí no céu. Não guarde mágoa de mim.
Te amo, meu Gu. Feliz aniversário, meu amor. Nosso Gustavo dos Santos Ribas.”

O CASO

Gustavo dos Santos Ribas foi levado pelo pai, Volnei Ferreira Ribas, ao Hospital Beneficente Dr. César Santos, em Passo Fundo, no dia 17 de junho, com fortes dores no peito. Na instituição, o menino foi diagnosticado com apendicite, mas morreu, aproximadamente 24 horas depois, tendo como causa de morte uma pneumonia bacteriana.

No hospital, ele passou pela avaliação de, pelo menos, três médicos diferentes, sendo que apenas o último identificou a gravidade do caso e solicitou encaminhamento imediato ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).

No entanto, o quadro de Gustavo já era grave e, em poucas horas, ele foi entubado, não resistiu e veio a falecer no HSVP. A família chegou a realizar uma manifestação pacífica em frente ao Hospital Beneficente Dr. César Santos, que contou com grande público, pedindo justiça pelo caso.

A família entrou com processo contra os hospitais para que seja investigado se houve erro médico no atendimento prestado a Gustavo. Segundo a família, os prontuários médicos aos quais já tiveram acesso confirmam o diagnóstico de apendicite no Hospital Dia da Criança.

Os pais de Gustavo relataram ainda, que os exames realizados pela instituição foram avaliados por outros médicos pneumologistas e estes afirmaram, junto ao advogado da família, a confirmação de uma pneumonia na criança. Já os registros do Hospital São Vicente de Paulo descartam apendicite durante o atendimento e constam apenas pneumonia.

A Prefeitura Municipal, responsável pela administração do Hospital Dia da Criança, se manifestou através da Secretaria de Saúde com a seguinte nota:

“A Secretaria Municipal de Saúde divulgou nota oficial nesta terça-feira (25) sobre o óbito de uma criança de 8 anos, ocorrido na noite do dia 18 de junho, após ter sido encaminhada pelo Hospital Dia da Criança, no dia 17 de junho, para outra instituição de saúde da cidade.

O menino chegou ao Hospital Dia da Criança no amanhecer de segunda-feira (17). Ele recebeu atendimento imediato por parte da equipe médica e, em seguida, foram realizados todos os exames, incluindo exames de sangue e de raio-X. Todo o procedimento foi realizado conforme informações prestadas pelo pai do menino, que relatou o histórico de saúde da criança. Considerando que o Hospital Dia da Criança é voltado para atendimentos de urgência e emergência na atenção primária, o menino foi encaminhado para confirmação de diagnóstico e tratamento em outra instituição de saúde da cidade, que o recebeu no início da manhã do dia 18 de junho.”

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp