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Celebrar os avós: afeto, memória e tradição

Pe. Ari Antonio dos Reis

Neste dia 26 e julho, memória de São Joaquim e Sant’Ana, celebramos o dia dos avós e, por sugestão do Papa Francisco, o dia dos idosos. No Brasil, a data é sugerida para Domingo por questões pastorais, para que mais pessoas possam participar da celebração. A tradição da memória dos avós de Jesus Cristo nasceu como prática nas Igrejas Orientais a partir do século VI.

Propagou-se também no ocidente a partir do século XIV, acentuando algo muito significativo na vida do Filho de Deus. Ele nasceu no seio da Família de Nazaré e teve uma precedência sanguínea segundo o desígnio divino, um vínculo de amor. As famílias e a sociedade necessitam reconhecer a presença e a importância dos avós em sua história.

A celebração do dia dos avós tem um acento afetivo significativo que vai além do intimismo momentâneo. É, antes de tudo, o reconhecimento de uma história vivida, da qual cada pessoa é devedora e toma parte dela pela graça de Deus e da qual não pode se desfazer em nome do etarismo ou da “ditadura” do momento.

A atitude de acolher com carinho a vida e a experiência dos avós salvaguardando as diferenças de época complementa a existência da pessoa. A atitude de escuta atenciosa é um gesto de afeto e ternura valiosos. Permite que daquele tesouro de histórias contadas, as vezes repetidas, encontre elementos importantes e necessários à condução da nossa vida. Basta a humildade de reconhecê-los.

O Papa Francisco na Exortação Pós-Sinodal Christus Vivit sugere essa referência: “todo o ser humano, ainda antes de nascer, recebeu como prenda dos seus avós a bênção dum sonho cheio de amor e esperança: o sonho duma vida melhor. E, se não o recebeu de nenhum dos seus avós, houve seguramente algum bisavô que o sonhou e ficou feliz por ele, ao contemplar no berço os seus filhos e, depois, os netos.

O sonho primordial, o sonho criador de Deus nosso Pai, precede e acompanha a vida de todos os seus filhos. Guardar na memória esta bênção, que se estende de geração em geração, é uma herança preciosa que devemos saber conservar viva para também nós a podermos transmitir” (ChV 194). A memória afetiva é um convite ao pertencimento e reconhecimento do lugar da pessoa na história e que este lugar não é mérito seu.

A celebração do dia dos avós acentua o vínculo amoroso, a memória da família. Fazer memória é situar-se na história, no caso, a história familiar. É constrangedor quando em diálogo com adolescentes e jovens descobre-se que desconhecem a história das suas famílias ou que têm poucas informações sobre seus antepassados. Parece que estão no mundo isolados cronologicamente, mantendo minimamente os laços com os genitores.

Não possível esquecer a nossa conexão com a trajetória da família. A memória dos avós, daqueles que chegaram ao mundo antes de nós ajuda a manter este vínculo amoroso. O Papa Francisco ajuda-nos a compreender este princípio como compromisso da Igreja: “ajudar os jovens a descobrir a riqueza viva do passado, conservando-a na memória e valendo-se dela para as suas decisões e possibilidades, é um verdadeiro ato de amor para com eles visando o seu crescimento e as opções que são chamados a realizar” (ChV 187).

Permite também assinalar a tradição familiar. Em tempos que tem sido muito valorizada a marca do momento, sem a ligação com o passado e sem a preocupação com o futuro a atitude de considerar a tradição é importante porque localiza a pessoa na sua trajetória pessoal e familiar. No caso tradição compreende compreender as marcas importantes da sua família e nas quais os avós ocuparam um lugar significativo.

Acolhamos integralmente a presença dos avós e dos idosos em nossas vidas não como um peso, mas como graça de Deus e oportunidade de usufruirmos da sua presença e experiência que nos ajudarão a bem viver. A afetividade, o vínculo amoroso, o pertencimento, a memória e a tradição familiar são caminhos importantes para assinalar a importância dos avós na vida familiar e dos idosos na sociedade.

Pe. Ari Antonio dos Reis

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