Grupo Planalto de comunicação

Corpo e Sangue de Cristo: graça e compromisso

Eis o meu corpo. Eis o meu sangue!
Anualmente celebramos a Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, também conhecida como Corpus Christi. Já celebrada na Bélgica (Diocese de Liége) desde 1246, foi instituída pelo Papa Urbano IV, em setembro de 1264.
Essa Solenidade é primeiramente a memória de um momento marcante na trajetória de Jesus com o discipulado. Nas proximidades da cidade de Jerusalém, por ocasião da Festa da Páscoa judaica, Ele reuniu-se com os doze discípulos para a Ceia. Eles viviam momentos de tensão e medo. Externamente havia a ameaça sobre Jesus, já que seus adversários tramavam a sua morte. Internamente se acirravam as inconsistências do discipulado devido à distância já explicitada da proposta de Jesus com o que esperavam. O Reino proposto pelo Nazareno não se enquadrava no que imaginavam ser o reinado.
Naquela refeição Ele partilhou o pão e o vinho dizendo serem seu corpo doado e sangue derramado pela salvação do mundo. Pediu que o grupo celebrasse aquele momento em sua memória. E esta tornou-se uma tradição nos cristãos. Eles reuniam-se para rezar e partilhar o pão. Reuniam-se em nome de Jesus e para fazer a memória do Filho de Deus.
A instituição da Eucaristia tem uma referência bíblica consistente. Os três evangelistas sinóticos relatam a cena a seu modo, contudo mantendo fidelidade ao gesto de Jesus. Encontramos o relato em Mt 26, 20-30; Mc 14, 17-26; Lc 22, 14-21. O apóstolo Paulo em carta à comunidade de Corinto relata também o fato. Diz Paulo: pois recebi do Senhor o que também entreguei a vocês: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto sempre que o beberem em memória de mim”. Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. Tais palavras são ditas no momento da consagração após a invocação do Espírito Santo, quando o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Jesus Cristo.
Para os cristãos a participação na Eucaristia é graça. É oportunidade de acolher como corpo e sangue o salvador da humanidade que está em cada homem e mulher. Jesus entra na vida dos cristãos como mais um gesto de amor. É uma graça termos o alimento sagrado como parte do nosso ser.   Quando escreve sobre a formação litúrgica do povo de Deus, o Papa Francisco cita a carta do Santo de Assis: “Que o homem todo se espante, que o mundo todo trema, que o céu exulte, quando sobre o altar, nas mãos do sacerdote, está presente Cristo, o Filho de Deus vivo!”. É belo perceber o quão humilde é nosso Deus que aceita esconder-se sob as espécies do pão e do vinho e, assim, doar-se para cada um de nós em particular. Por isso, participar da celebração da Eucaristia e poder comungar do corpo e sangue do Senhor, é uma grande graça, que deve ser valorizada, celebrada e vivida.
A participação na Eucaristia nos coloca diante de uma série de compromissos. Primeiro, um compromisso de unidade. Na verdade, toda celebração litúrgica, de modo especial quando se fala da Eucaristia e dos demais sacramentos, “é um encontro entre Cristo e a Igreja”. A assembleia “tira sua unidade da ‘comunhão do Espírito Santo’, que congrega os filhos de Deus no único corpo de Cristo”. Completa a beleza dessa unidade da assembleia litúrgica o fato de que “ela ultrapassa as afinidades humanas, raciais, culturais e sociais” (CIgC 1097).
Outro compromisso é o de buscar ser como Jesus: quem recebe Jesus na Eucaristia o recebe por inteiro e deve assemelhar-se a Ele. Quem come sua carne e bebe seu sangue estará unido a Ele e, por isso, deve viver como Ele viveu, abraçando também da sua missão a serviço da vida: “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa Nova ? aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19; cf. Is 61,1-2).
O Papa Bento XVI afirma que a Eucaristia “reforça a comunhão entre os irmãos e, de modo particular, estimula os que estão em conflito a apressar a sua reconciliação, abrindo-se ao diálogo e ao compromisso em prol da justiça”. Ela nos coloca diante da responsabilidade de transformar o ambiente em que estamos inseridos e “é através da realização concreta desta responsabilidade que a Eucaristia se torna na vida o que significa na celebração” (Sacramentum Caritatis 89).
Quinta feira, dia da Solenidade de Corpus Christi, dia de graça e compromisso. Celebremos, no sentido de tornar célebre, a memória daquele que se fez pobre para nos enriquecer, que se fez alimento para nos fortalecer, que entrou na nossa vida para renovar a esperança e mostra que vale a pena assumir a fé cristã.
Celebrando o Corpo e Sangue de Cristo estamos dando os motivos de nossa fé e esperança.
Facebook
Twitter
WhatsApp

Notícias Relacionadas

Categorias

Redes Sociais