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Crise no Caribe: Venezuela denuncia movimentação militar dos EUA e apela à ONU por intervenção Governo de Nicolás Maduro classifica envio de destróieres e submarino nuclear como "ameaça direta" e mobiliza tropas para proteger soberania nacional

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A tensão diplomática entre Venezuela e Estados Unidos atingiu um novo patamar nesta semana, após o governo venezuelano denunciar o deslocamento de navios militares norte-americanos rumo ao sul do Caribe. Segundo Caracas, a movimentação representa uma “escalada de ações hostis” e fere diretamente a soberania do país. Em resposta, a administração de Nicolás Maduro mobilizou milhares de soldados, reforçou patrulhas navais e recorreu formalmente à Organização das Nações Unidas (ONU) para conter o avanço.

Submarino nuclear e destróieres no radar

De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Defesa da Venezuela, estão previstos para chegar à região, já no início da próxima semana, ao menos três destróieres dos Estados Unidos, entre eles o USS Gravely e o USS Jason Dunham, além do submarino nuclear USS Newport News e o cruzador de mísseis guiados USS Lake Erie.

Embora o Pentágono alegue que a operação tem como foco o combate ao tráfico de drogas na América Latina, o governo venezuelano entende a presença dos navios como uma provocação. O presidente Nicolás Maduro acusou Washington de tentar “semear o terror” e provocar um conflito regional.

“Esses atos violam os princípios do direito internacional e ameaçam diretamente a paz no hemisfério”, declarou Maduro em pronunciamento nacional transmitido na noite de terça-feira (26).

Reação militar venezuelana

Em resposta ao movimento norte-americano, o governo ativou uma operação de defesa territorial envolvendo cerca de 15 mil militares ativos, além de drones, embarcações da Marinha e patrulhas terrestres nas regiões costeiras e fronteiriças.

A Venezuela também acionou sua Milícia Bolivariana, uma força de reserva formada por civis treinados, convocando mais de 4,5 milhões de voluntários. Os principais pontos estratégicos de defesa incluem o Lago de Maracaibo, o Golfo da Venezuela e o estado de Falcón.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, declarou que “nenhum império tocará no território sagrado da pátria”.

Apelo à comunidade internacional

Na tentativa de conter a escalada de tensões, o chanceler venezuelano, Yván Gil, entregou um documento oficial ao representante da ONU em Caracas, Gianluca Rampolla, solicitando ação imediata do secretário-geral António Guterres.

Entre os pedidos, estão: a interrupção do envio de forças militares americanas, garantias contra o uso de armamentos nucleares na região e a convocação urgente da OPANAL (Organismo para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe).

“O Caribe e a América Latina são, por tratado, zonas livres de armas nucleares. A presença de um submarino nuclear dos Estados Unidos em águas próximas à Venezuela é uma violação grave dos acordos internacionais”, afirmou Gil, referindo-se ao Tratado de Tlatelolco, assinado em 1967.

Repercussão internacional

A movimentação militar norte-americana tem sido alvo de críticas por parte de aliados da Venezuela, incluindo Cuba, Nicarágua, Bolívia, China e Rússia. O governo mexicano também expressou preocupação com a possível desestabilização da região.

Em nota oficial, o porta-voz do secretário-geral da ONU afirmou que “a paz e a estabilidade no Caribe devem ser preservadas” e defendeu o diálogo como único caminho viável para a resolução de disputas.

Até o momento, Washington não respondeu diretamente às acusações de Caracas, mas fontes do Departamento de Estado reafirmaram que a missão no Caribe tem caráter “estritamente operacional e de segurança regional”.


Com a escalada de tensões, cresce a expectativa por um posicionamento mais firme da ONU e de organismos multilaterais nos próximos dias. Enquanto isso, a população venezuelana acompanha com apreensão o desdobramento de uma crise que remete aos momentos mais delicados da Guerra Fria no continente.

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